Dois nomes na história da educação em Itu
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As décadas de 1920 e 30 foram de interessante movimento em prol da educação em Itu, dada a precariedade dos meios locais. É preciso lembrar que a retirada do Colégio São Luís, no fim de 1917, deixou uma lacuna enorme à formação dos jovens. As páginas deste jornal, nas edições daqueles anos, trouxeram diversos artigos solicitando, ao governo estadual, um ginásio público, para ampliar a educação oferecida nos dois grupos escolares. Instalado o IBAO, com cursos técnicos, formava-se mão de obra, mas não havia as disciplinas fundamentais à educação integral do ser humano que, vez por outra, os governos ainda hoje querem retirar da gente.

Tímida iniciativa tomou o Prof. José Leite Pinheiro, no Convento do Carmo, criando um curso ginasial, em 1918. Ali estudou Manuel da Silveira D’Elboux (1904 – 1970) que, tão logo concluído o período, reuniu amigos para formar um grêmio literário e tentar suprir a escassez na oferta de livros e, ao mesmo tempo, promover palestras, conferências, celebrações. O grêmio despertou interesse na pesquisa histórica, a Francisco Nardy Filho (1879 – 1959), que forjou, nas páginas da Federação, uma narrativa sobre o passado de Itu, publicada em artigos, dedicados aos “moços do grêmio”. Depois reuniu as suas descobertas em onze volumes publicados até a década de 1950.

Transferindo-se para São Paulo, em 1923, D’Elboux ingressou no seminário e tornou-se padre. A sua obstinação em proporcionar formação aos jovens só aumentou: foi notável reitor do Seminário Central do Ipiranga; depois, nomeado bispo em Ribeirão Preto, criou o seminário para aquela diocese. Transferido para Curitiba, tornou-se Arcebispo e criou

cerca de 130 escolas católicas e fundou a PUC do Paraná, dado o seu entusiasmo pela universidade católica.
Dom Manuel D’Elboux deixava Itu, voltava para a terra natal o moço Tristão Bauer (1904 – 1985), depois da formação humanística na Companhia de Jesus. Habilitado a lecionar línguas clássicas e literatura, em 1926 passou a integrar o corpo de professores da nova Escola Apostólica da Ordem Carmelita, aberta no convento ituano. Na turma estava Paulino Bueno Couto (1910 – 1982) que se tornaria Dom Gabriel, bispo de Jundiaí.

O pretendido ginásio estadual só veio em 1932, com a fundação do “Regente Feijó”, quando Bauer assumiu a Cadeira de Latim, após defender dissertação interpretativa sobre a “Arte Poética de Horácio”. Em um país de analfabetos, ele conhecia profundamente e ensinava a língua dos antigos romanos!

No posto de mestre, Tristão Bauer esteve até 1944, quando tornou-se prefeito de Itu e, entre outras obras, construiu o moderno edifício para o “Regente” que estava se tornando um instituto de educação. Ergueu também a prefeitura, hoje centro de estudos da USP.

As histórias de D’Elboux e Bauer devem ter se cruzado na infância, no tempo em que estudaram no Grupo Dr. Cesário Mota. Eles nasceram em tempo muito próximo, 29 de fevereiro e 15 de março, respectivamente; seguiram caminhos diferentes, mas, cada um em seu posto, construíram um belo legado à história da educação.