O centenário da Cruzada Eucarística
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Deve haver alguém que ainda se lembra da Cruzada Eucarística à qual pertenceu, nos tempos de criança, na igreja do Bom Jesus. Foi um movimento importante, que arregimentou centenas de jovens, trabalho pastoral extraordinário. Em Itu é coisa do passado, mas Brasil afora, reúne cerca de doze mil pessoas de 10 a 25 anos. Desde 1960 é chamado MEJ – Movimento Eucarístico Jovem. A sua organização oficial, com o título de Cruzada Eucarística, deu-se em Bordeaux, na França em um colégio dos jesuítas, em 1915; no Brasil, começou em Itu, a 11 de fevereiro de 1924, portanto há cem anos.
No final de semana passado, as lideranças do MEJ no Brasil, cerca de 140 jovens, reuniram-se na 5ª Assembleia Nacional, em Curitiba, para fortalecer o movimento através da vida sacramental e conhecer melhor as diretrizes desse ramo juvenil do Apostolado da Oração. A convite do seu diretor nacional, padre Eliomar Ribeiro, fiz uma comunicação para falar de Itu, onde tudo começou. Confesso que retornei impressionado com a vitalidade e grandeza do MEJ!
O primeiro crédito ao trabalho missionário com crianças e jovens no Brasil deve ser dado ao padre Bartolomeu Taddei (1837 – 1913), que iniciou o grupo dos Legionários ou Pequenos Cruzados do Coração de Jesus, em 1898, conhecido como Comunhão Reparadora das crianças. Nos primeiros 25 anos de existência reuniu centenas de pequenos católicos envolvidos na perseverança na Igreja após a primeira comunhão. A Cruzada Eucarística abriu espaço para que eles encontrassem um lugar na religião, afastados do cinema, dos clubes e da literatura anticlerical.
Em 1924, um novo grupo de jesuítas chegou a Itu, liderado pelo padre Jean Baptiste Carrère (1880 – 1952), que veio dirigir a revista Mensageiro do Coração de Jesus. O seu auxiliar, Irmão Olavo Pereira da Silva (1891 – 1976), brilhante professor de Letras Clássicas, foi destinado à redação da revista, mas também à fundação da Cruzada Eucarística; melhor dizendo, para transformar a Comunhão Reparadora já existente e de tanto sucesso, no primeiro grupo da Cruzada no Brasil. A catequista Maria Augusta Pacheco Jordão (1896 – 1975) assumiu a organização do grupo que manteve, além do trabalho espiritual e social, uma secção de esportes, outra de teatro e música com representações que reuniam centenas de pessoas no Salão Padre Taddei. Só em 1929, oitocentas pessoas assistiram às cenas da vida de São Luís interpretadas pelo grupo. O Irmão Pereira montou uma sala de aula de ginásio para meninos da Cruzada e dela nasceram vocações sacerdotais e religiosas. Da Cruzada também saíram muitos leigos atuantes na Igreja até o tempo presente. Em 1930 o movimento já estava espalhado por todo o Brasil. Foi quando nasceu a revista Cruzados da Eucaristia, dirigida e publicada no Rio de Janeiro.
Na década de 1960, com as mudanças pastorais na Igreja, a Cruzada Eucarística do Bom Jesus perdeu força. Os padres Robert Godding e Luiz D’Elboux tentaram reavivá-la, posteriormente, mas já eram outros tempos…
A semente plantada em Itu ainda rende frutos extraordinários em todo o país!