Explosões da violência e  barbárie no mundo e no Brasil
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Quadro atual do crescimento da violência e barbárie em diversos países, em particular no Brasil. Reprodução da terrível experiência dos campos de concentração e do
Holocausto na guerra de Israel e palestinos. A região tornou-se um barril de pólvora e seu fogo ameaça se expandir para outros países do Oriente médio.

 

por Olga Sodré

Violência, barbárie e desumanidade explodiram no mundo. Analisei essa ‘crise de civilização’, mas os recursos tecnológicos permitem acompanhar sua atroz manifestação na guerra de Israel e palestinos. É justificável defender seu território e os israelenses contra as atrocidades do Hamas/Hezbollah e denominá-los terroristas.
Como considerar e chamar, então, a ocupação histórica dos territórios e eliminação em massa de civis palestinos? Forças de ódio e medo impulsionam o horror e a dor. Direitos humanos, justiça social e paz são destroçados por crimes de guerra, massacres hediondos, polarização e cegueira diante do sofrimento do outro. Ressurge a terrível memória dos campos de concentração e do Holocausto.
Em 1967, na ‘Guerra dos Seis Dias’ realizada por Israel, eu vivia integrada ao meio intelectual e religioso judaico em Paris. A maioria de meus amigos judeus era contra as ações de Israel, mas muitos judeus emigravam para Israel temendo o antissemitismo. Chocava-me a defesa até religiosa das conquistas de territórios palestinos por Israel.
Quando ponderava sobre a tragédia de judeus estarem reproduzindo com os palestinos a segregação dos campos de concentração, o argumento que escutava era: ‘Não há saída. Eles querem nossos territórios e nos destruir para conquistá-los. Ou são eles ou somos nós’. Posteriormente, meu aprofundamento espiritual me levou à compreensão da necessidade do reconhecimento mútuo de si mesmo e do outro.
A lógica do eu ou do outro está na justificação das guerras para manter ou ampliar poder, territórios e recursos naturais. Ucrânia e vinte e oito países enfrentam atualmente conflitos armados. São guerras entre Estados; guerras civis ou disputas geopolíticas na Coréia, Espanha, Irlanda do Norte, República Democrática do Congo, Mianmar, Haiti; e, no Oriente Médio (Afeganistão, Síria, Iêmen, Líbano e Irã).
No Brasil, a violência é um fenômeno sócio-histórico alimentado pelas desigualdades sociais, discriminação e exclusão de vários grupos, circulação de armas e drogas. Implantou-se o domínio do crime organizado no Rio, espalhando-se por outras regiões e pequenas cidades do interior. Ocorrem assaltos e mortes em plena luz do dia.
Com base em informações do ‘Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo – 2021’ da ACN (Ajuda à Igreja que sofre) estima-se que cerca de 327 milhões de cristãos vivam em países onde enfrentam perseguição religiosa; além dos 178 milhões em países em que a discriminação existe por motivos religiosos – como na China, Índia, Paquistão, Bangladesh e Nigéria.
Aumentaram os casos de intimidações, sequestros, assassinatos e perseguições aos cristãos pelo terrorismo religioso de grupos islamistas no continente africano, Oriente Médio e Europa Oriental. Armênia é emblemática dessa perseguição por abarcar toda uma nação cristã (historicamente a primeira a adotar o cristianismo como religião de estado em 301 d.C., fé ainda partilhada por 98,7% da população) no recente conflito com o Azerbaijão.
Observa-se o crescimento das perseguições contra os cristãos em diferentes partes do planeta e Brasil, onde já foram mortos 13 sacerdotes católicos, um religioso, duas religiosas e seis leigos. São tempos sombrios e sangrentos. Cristo caminhando conosco na História transmite, contudo, a esperança de estarmos presenciando o doloroso parto da nova humanidade!