Mês da Bíblia: as características do novo ser humano
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“A Palavra de Deus é viva, não morre nem envelhece, permanece para sempre. Está viva e dá vida. A Palavra, de fato, traz ao mundo o respiro de Deus, infunde no coração o calor do Senhor através do sopro do Espírito. […] Seria belo que a Palavra de Deus se tornasse sempre mais o coração de toda atividade eclesial” (Papa Francisco, discurso no Congresso Internacional da Federação Bíblica Católica, 2020).

O sentido que se revela na Bíblia, como diz o Papa, não se trata de algo inerte, imutável, mas de uma relação com a vida em contínua evolução. A cada leitura recriamos seu cenário, pois estamos diante da realidade viva, não apenas de um texto escrito séculos atrás. A natureza da Palavra se constitui na proposta de Deus que toma a iniciativa de revelar-se na história e, também, a resposta de homens e mulheres a essa iniciativa. Vê-se, dessa forma, que o texto transmitido desde o passado e a experiência atual de quem lê são os dois olhos que permitem perceber a realidade em nível profundo. Profundidade esta que podemos atribuir à ação divina.

Na Bíblia se encontram, como vemos no trecho da Carta aos Efésios (Ef 4,17–5,20), exortações para uma caminhada adequada conforme a proposta de Deus para nossas vidas, para que sua glória, em nós e por meio de nós, e sua graça possam ser identificadas em plenitude em nosso cotidiano, onde quer que estejamos.

A Carta aos Efésios entra em detalhes acerca dos traços característicos do novo ser humano. São eles: a verdade (4,25), a ausência da ira com caráter de ódio (4,26), a justiça relacionada com o trabalho de acordo com a vontade de Deus, e a ausência de corrupção (4,28). “Vivam no amor”, diz o autor, “assim como Cristo nos amou e se entregou a Deus por nós, como oferta e vítima, como perfume agradável.” (5,2).

Esse é o movimento de Cristo, de total entrega a Deus em nosso favor. O mesmo deve se dar em nós: esta direção do coração para Deus é o fundamento da atividade cristã. Graça e amor veem de Deus e fluem de volta para ele em forma de atenção e cuidado aos outros.

Que possamos nos admirar com o exemplo de Jesus, que a sua imagem fique impressa em nós, e, assim, possamos caminhar como ele.

(adaptado de texto de Marina Pascual Pizoni, teóloga e membra do Grupo Shema, do Serviço de Animação Bíblica (SAB/Paulinas), disponível no Portal Universo Paulinas)