Os veneráveis despojos de um santo
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Exatamente há cem anos os veneráveis despojos do padre Bartolomeu Taddei foram levados do cemitério municipal de Itu para o Santuário Geral do Apostolado da Oração. Era seu desejo estar sepultado junto à capela que construiu, mas, quando do seu falecimento, em 1913, não houve autorização da Arquidiocese de São Paulo. Passados dez anos, a Cúria, sensibilizou-se com o pedido do Apostolado da Oração nacional. Era o primeiro passo legal para iniciar um processo canônico pela sua beatificação.
Ao tratar da grandeza do padre Taddei, o editorial do jornal “A Federação” em 02 de junho de 1923, assim o descrevia: “o infatigável missionário, depois de passar o dia inteiro ora no altar, ou no confessionário, ou no púlpito, ora trabalhando na publicação do “Mensageiro do Coração de Jesus”, passava grande parte das noites escrevendo numerosas cartas aos centros do Apostolado da Oração em todo o Brasil, deitando-se a dormir entre uma e duas horas da madrugada, e despertando-se pelas 4 ½ horas da manhã, a fim de entregar-se ao serviço religioso, para o qual estava sempre pronto.”
A exumação dos despojos do padre Taddei foi registrada em ata lavrada por autoridades civis e religiosas atestando que quase todos os ossos estavam conservados. Depois de tratados foram colocados em nova urna e, no dia seguinte, conduzidos ao santuário.
O cortejo formado pelo povo de Itu e peregrinos que acorreram à cidade para acompanhar as solenidades, reuniu cerca de três mil pessoas. No trajeto, feito a pé, revezavam-se os devotos a carregar o caixão do padre Bartolomeu Taddei.
Ao chegar à igreja do Bom Jesus, houve rito solene com a participação de sete sacerdotes e elogio fúnebre pelo padre Paulo Florêncio da Silveira Camargo, que fora encaminhado ao seminário pelo padre Taddei. Comovido, o jovem pároco tratou da grandeza do trabalho do padre santo de Itu, legado que modificou a história da Igreja no Brasil. Agradeceu também por Taddei “dirigir os passos nos inícios da [sua] vocação.”
Após a solenidade a urna com os seus restos mortais foi inumada no santuário a anexo à igreja do Bom Jesus. Em dezembro de 1924, com recursos de zeladores e zeladoras de todo o país, sobre a sepultura, foi inaugurado pequeno monumento de mármore, encimado por dois anjos que sustentam o brasão do Apostolado da Oração. Uma inscrição em latim, na parte de baixo, indica que, naquele canto do santuário do Apostolado da Oração, repousa o sacerdote que primeiro promoveu esse movimento no Brasil. E é ali que tantos peregrinos, diariamente, vêm rezar e pedir a sua intercessão para as causas mais diversas. Ali, muitos o agradecem simplesmente porque o padre Bartolomeu Taddei aproximou-os do Coração de Jesus abrindo uma vereda infinita de graças aos católicos brasileiros.
Esperamos que logo a Igreja reconheça a sua santidade e permita colocar a sua imagem sobre os altares para veneração do povo de Deus.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”