22º Domingo do Tempo Comum
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Jeremias 20,7-9)
É raro encontrar na Bíblia expressões de desespero tão violentas como as que encontramos na leitura de hoje. Estamos em Jerusalém, durante os anos dramáticos que precedem a destruição da cidade por parte dos babilônios. Pior do que a política é a situação religiosa. O povo, iludido pelos seus guias espirituais confia cegamente no templo, nos sacrifícios nas cerimônias. Uma prática, portanto, vazia, falsa, ilusória.
Nesta situação Jeremias é convocado por Deus para denunciar a desastrosa situação à qual está reduzido o povo. As suas palavras não só caem no vazio, mas provocam uma violenta perseguição contra ele, por parte do rei Joaquim e dos chefes religiosos que não querem mudar os seus programas. O povo também fica irritado e ofendido com as palavras do profeta e pede a sua morte.
É esta a hora na qual ele ergue para Deus a sua queixa que é relatada nesta leitura. Eis como se sente Jeremias neste momento: abandonado por Deus, sozinho contra todos, objeto de escárnio e violência por parte do povo. Mas o Senhor já tinha acendido no seu coração um fogo tão ardente que de forma alguma podia ser apagado.
A experiência de Jeremias se repete em todas as pessoas que se deixam seduzir por Deus e aceitam cumprir uma grande missão na sua vida. Para Jeremias também, em verdade, Deus não prometeu nem sucesso nem uma vida fácil e honrada, apresentou-lhe somente a proposta de ser o pregoeiro de sua mensagem de salvação junto ao povo. O profeta se deixou seduzir, e não obstante as provações que foi obrigado a suportar depois, no fim se convencerá que valeu a pena.

2ª Leitura (Romanos 12,1,2)
Qual o interesse que Deus pode ter com nossas celebrações litúrgicas se não forem acompanhadas por obras de caridade? Já o disseram os profetas e o repete Jesus por várias vezes: Deus “quer obras de amor, não práticas de culto” (Mt 9,13).
As primeiras palavras da leitura de hoje nos lembram que as solenes liturgias do templo foram substituídas por uma nova maneira de louvar a Deus: o sacrifício da própria vida oferecida para os irmãos (vers.1).
No segundo versículo Paulo exorta os cristãos a não se conformarem com a maneira de pensar do povo. É muito fácil, também para o povo cristão, deixar-se influenciar pela opinião pública: todos fazem, pensam e falam dessa maneira. Será esta uma justificação? É preciso saber discernir qual o comportamento que agrada a Deus, ainda que não seja agradável ao homem.
O cristão dos nossos dias não se deixa muitas vezes seduzir pela lógica do sucesso? Não passa pela tentação de concordar com o mais forte, com quem é vencedor, com quem exerce influência e impõe respeito, com quem tem a força de exigir que ouçam sua voz?