A última morada de um santo
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Exatamente dez anos após a morte do padre Taddei, em maio de 1923, finalmente o arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva entendeu a importância da transladação dos restos mortais do padre Taddei para o Bom Jesus. Com autorização da Cúria foi feita a exumação dos seus restos para serem inumados na igreja do Bom Jesus, justamente no Santuário Geral do Apostolado da Oração. Uma campanha entre os membros de todo o Brasil arrecadou o valor para a construção de um monumento fúnebre. Retirar seus despojos do cemitério municipal exigiu uma solenidade com a presença de padres, autoridades e um médico, o Dr. José Leite Pinheiro Jr. que constatou que os ossos do padre santo estavam quase todos em bom estado, como diz a ata da exumação: “(…) notou-se que só um antebraço e algumas costelas estavam meio estragados. Os outros ossos especialmente os do crânio estavam bem conservados com os dentes no lugar.” Foram lavados, enxugados e envolvidos em tecido roxo.
Fez-se notável movimentação de gente devota em Itu, em 3 de junho, exatamente dez anos da morte do Padre Taddei, para buscar, no cemitério, a urna com seus despojos, que o povo quis carregar por mais de um quilômetro até a igreja. Seguiram-se cerimônias solenes. Reuniram-se cerca de três mil pessoas, entre os devotos de Itu e peregrinos de outras cidades. No belo cortejo, zeladores e zeladoras carregavam velas acesas, rezando e cantando, verdadeiro espetáculo religioso para conduzir de volta para casa aquele que os trouxe à fé no Sagrado Coração de Jesus.
Já na igreja do Bom Jesus, logo após a solene missa cantada, pregou o sermão o P. Paulo Florência da Silveira Camargo cujo testemunho público emocionou os presentes: só era um sacerdote porque o P. Taddei se preocupou em lhe “dirigir os passos nos inícios da vocação.” A obra dos justos não tem fim! Esse mesmo padre foi um dos biógrafos do padre santo de Itu e importante estudioso de seu legado.
Aos pés de um dos altares laterais do santuário, justamente do lado esquerdo, foi enterrado o corpo do venerando padre Bartolomeu Taddei, aguardando a ressurreição. A sepultura foi fechada, no chão, com mármore. Ano e meio depois, em dezembro de 1924 foi inaugurado o túmulo que ainda hoje é o mesmo monumento em sua memória. Foi construído à moda romana, em mármore branco, mesmo estilo do santuário. Sobre ele está uma urna que acomoda dois anjos, sentados, também esculpidos em mármore, que carregam o brasão do Apostolado da Oração. A inscrição em latim revela que ali repousam os restos daquele que foi o primeiro no Brasil a propagar a devoção do Apostolado da Oração.
É nesse túmulo que muitos vêm rezar, como devoção secundária àquela que o padre Taddei ensinou os nossos pais a confiar, o imortal Coração de Jesus! Uma oração pedindo a sua beatificação sempre está disponível no local.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”