O Céu não é para todos
Sobre a afirmação do título, a bem da verdade, a resposta mais precisa seria: é e não é. Sim, o Céu é para todos na medida em que a vontade do Criador é nos salvar do pecado e nos ver livres de Satanás, chegando um dia ao Paraíso. Mas não, nem todos vão aderir ao projeto de Deus que leva a essa mesma salvação, preferindo a continuidade numa vida de pecados e crimes em vez da de conversão e penitência. Então, é e não é.
Há uma diferença abissal entre “conhecer” Deus e “saber” quem é Deus. Eu conheço o Tom Cruise. Grande ator, já o vi em vários filmes. Entretanto, por falta de um verdadeiro convívio e por não partilharmos nenhuma intimidade, não tenho condições de saber quem é o verdadeiro Tom por trás das câmeras, aquele que vai além do marketing cinematográfico e das revistas especializadas. Assim é com muitos em relação ao Pai.
A imensa maioria das pessoas conhece Deus, reconhece sua existência e tem uma ligeira noção do que faz e como age. Acontece que, numa sociedade relativista e descompromissada como a moderna, onde cada um desenha a imagem do Criador que mais lhe convém, automaticamente vai-se afastando Dele. Não são muitos os que verdadeiramente sabem qual é a vontade divina a nosso respeito e como agradá-Lo.
O senso comum comete erros grotescos em relação ao Pai. Poucos se recordam que Deus é o Justo Juiz. Caberá a Ele, nos julgamentos particular e universal, recompensar a cada um conforme as suas obras, boas ou más. Há quem leve à sério a idiotice de que Deus seria um bonachão sensível, que a tudo perdoa. Um “ser superior” que não nos cobra compromissos, nem conversão, nem santidade. Deus é bom, mas não é bobo.
O Céu acaba por não ser de todos porque muitos não vivem de acordo com o que é preciso para alcançá-lo: viver os Mandamentos, dialogar com o Pai na oração, conhecer a sua Palavra, amá-Lo acima de tudo e de todos, praticar a caridade e a misericórdia com os nossos semelhantes, aceitar os sofrimentos e provações para a nossa conversão, r um bom testemunho de vida baseado na Fé e na Esperança, buscar a santidade, etc.
Claro que Deus é suprema Misericórdia. Porém, esta anda de mãos dadas com a Justiça. Não pode ser diferente em relação ao Criador. Se o fosse, já não seria Deus. Alguém que vive fazendo maldades (roubando, matando, estuprando, etc.), sem se arrepender, pode ter a mesma recompensa que aquele que vive a caridade (tirando de si para dar aos pobres, perdoando os que o ofendem, rezando pelos irmãos)? Não seria justo.
Se não é justo, não pode vir de Deus. É por isso que, em suas pregações, Cristo deixa bem claro: nem todos que disserem “Deus isso, Deus aquilo”, entrarão no Reino dos Céus. Em suas parábolas, Jesus deixa isso muito claro. Quando fala do trigo e do joio, quando diz que vai separar ovelhas e cabritos, o Mestre afirma que uns serão acolhidos no Céu e outros serão lançados no fogo do Inferno. Por culpa própria, não de Deus.
A vontade divina é que cheguemos ao Paraíso um dia. Para tanto, Deus nos dá todas as condições. A Igreja está aí até hoje com a Missão de perdoar pecados, derrotar o demônio e levar almas para o Céu. Na casa do Pai há muitas moradas e os que vivem conforme a vontade de Cristo ganharam um cantinho lá em cima. O Céu pode não ser para todos, mas a grande pergunta a nos fazermos é: o Céu é um lugar para mim? Faça a sua parte, Deus faz a Dele.
Busque o Céu com todas as suas forças. Lá é o seu lugar.