Reconhecer as joias preciosas da vida e as distinguir das quinquilharias
O Evangelho de Mt 13,46 narra a parábola de um mercador que procurava pérolas preciosas. Ele, diz Jesus, «encontrou uma pérola de grande valor, foi, vendeu todos os seus bens e comprou-a». Reflitamos um pouco sobre os gestos deste comerciante, que primeiro procura, depois encontra e, por fim, compra.
Primeiro gesto: procurar. Trata-se de um comerciante empreendedor, que não fica parado, mas sai de casa e parte em busca de pérolas preciosas. Não diz: “Estou satisfeito com as que tenho”, mas procura outras mais bonitas. E este é um convite a não nos fecharmos no hábito, na mediocridade de quem se contenta, mas a reavivar o desejo, para que não se perca a vontade de procurar, de ir em frente, a cultivar sonhos de bem, a procurar a novidade do Senhor, porque o Senhor não é repetitivo, traz sempre a novidade, a novidade do Espírito, torna sempre novas as realidades da vida (cf. Ap 21, 5). E nós devemos ter esta atitude: procurar.
O segundo gesto do mercador é encontrar. É uma pessoa perspicaz, que “tem olho” e sabe reconhecer uma pérola de grande valor. Isto não é fácil. Pensemos, por exemplo, nos fascinantes bazares orientais, onde as bancas, cheias de mercadorias, se amontoam ao longo dos muros das ruas cheias de gente; ou em algumas bancas que se veem em muitas cidades, cheias de livros e objetos diversos. Por vezes, nestes mercados, se pararmos para procurar bem, podemos descobrir tesouros: coisas preciosas, volumes raros que, misturados com todo o resto, não são perceptíveis à primeira vista. Mas o comerciante da parábola tem um olhar perspicaz e sabe encontrar, sabe “discernir” para encontrar a pérola. Isto é uma lição também para nós: todos os dias, em casa, na rua, no trabalho, nas férias, temos a oportunidade de discernir o bem. E é importante saber encontrar o que interessa: treinarmos para reconhecer as pedras preciosas da vida e distingui-las da bugiganga. Não desperdicemos o nosso tempo e a nossa liberdade com coisas triviais, com passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa do encontro com Deus e com os outros! É preciso saber reconhecê-la: discernir para encontra-la.
E o último gesto do mercador: compra a pérola. Percebendo do seu imenso valor, vende tudo, sacrifica todos os bens para possuir. Muda radicalmente o inventário do seu armazém; não resta mais nada senão aquela pérola: é a sua única riqueza, o sentido do seu presente e do seu futuro. Este também é um convite para nós. Mas o que é esta pérola pela qual se pode renunciar a tudo, aquela de que o Senhor nos fala? Essa pérola é Ele mesmo, é o Senhor! Procurar o Senhor e encontrar o Senhor, viver com o Senhor. A pérola é Jesus: Ele é a pérola preciosa da vida, que deve ser procurada, encontrada e feita própria. Vale a pena investir tudo n’Ele, porque quando se encontra Cristo, a vida muda. Se encontrarmos Cristo, a nossa vida muda.
Retomemos então os três gestos do mercador – procurar, encontrar, comprar – e façamos algumas perguntas a nós mesmos. Procurar: na minha vida, estou procurando? Sinto-me bem, estou satisfeito, ou estou a exercitar o meu desejo de bem? Estou na “reforma espiritual”? Quantos jovens estão reformados! Segundo gesto, encontrar: pratico o discernimento do que é bom e vem de Deus, sabendo renunciar ao que me deixa pouco ou nada? Por fim, comprar: sei gastar-me por Jesus? Ele está em primeiro lugar para mim, Ele é o maior bem da vida? Seria bom dizer-Lhe hoje: “Jesus, Tu és o meu bem maior”. Cada um, no coração, diga agora: “Jesus, tu és o meu bem maior”. Que Maria nos ajude a procurar, a encontrar e a abraçar Jesus com todo o nosso ser.