O arcebispo dom José Gaspar
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Continuando as notas sobre dom José Gaspar, iniciadas no artigo do mês de julho que tratou de sua formação e primeiros trabalhos, agora vemos o período de seu arcebispado.

Morto dom Duarte Leopoldo e Silva, em novembro de 1938, o cabido metropolitano recusou o bispo auxiliar para liderar o período vacante. Dom José esteve meses no litoral aguardando a definição que só veio no ano seguinte, dada a morte do papa e eleição de Pio XII. Dom José tomou posse a 29 de julho de 1939.

A principal iniciativa do seu tempo foi a modernização da Igreja paulista conferindo aos leigos um papel mais significativo. É certo que o Apostolado da Oração, do padre Taddei, já havia despertado esse espírito de iniciativa, mas, passados trinta anos, faltava uma atualização para atingir mais gente, reunir jovens na mesma direção contrária à mídia e aos valores do indiferentismo religioso do cinema, do rádio e de setores da educação. Desta forma nasceu a Ação Católica, reunindo as lideranças das congregações marianas, das pias uniões, das ordens terceiras, dos estudantes. Para dirigir tudo isso foi nomeado o advogado Plínio Corrêa de Oliveira, um intelectual que, àquele tempo, reunia os predicados para rivalizar com Alceu Amoroso Lima, no Rio de Janeiro. Infelizmente, passado tempo, o dr. Plínio se perdeu no caminho e ficou no passado…

Dom José percebeu que a Igreja precisava de um grande evento para movimentar o Brasil católico; trabalhou por três anos organizando o IV Congresso Eucarístico Nacional, precedido de outros congressos regionais, da criação de quarenta e cinco novas paróquias (e a construção de igrejas matrizes), além de investir e apressar o erguimento da catedral metropolitana. Em 1941, às vésperas do evento, dom José estava à frente da maior e mais numerosa arquidiocese do mundo!

A 26 de julho de 1942 chegou à capital paulista a imagem de Nossa Senhora Aparecida, dando início oficial aos trabalhos do Congresso, que foi realizado, de fato, de 3 a 7 de setembro de 1942. Nunca, no Brasil se reunira tanta gente para um evento. O hino, composto pelo mestre de capela da Sé, maestro Fúrio Franceschini, convidava os brasileiros a levantar o canto: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”, melodia repetida por um coro de um milhão de pessoas que participaram das missas, concentrações, palestras, confissões, e se reuniram ao final para a procissão eucarística. Este evento único juntava pátria e religião, no auge da ditadura de Vargas, justamente quando o Brasil mudava de campo político e entrava na guerra para derrotar a Alemanha nazista.

O mundo católico voltava seus olhos para São Paulo. Dom José, aos 42 anos era o continuador do trabalho do cardeal Leme. Mas isto não estava planejado na sua história. Ao se deslocar ao Rio para a posse do novo arcebispo, d. Jaime Câmara, antes de pousar, o avião se chocou e ele foi uma das vítimas. Era 27 de agosto de 1943.

No próximo mês veremos a ligação de d. José com Itu.