O inferno não é vazio
Se você é daqueles que vive tranquilamente, acreditando no palavreado de falsos padres e pastores que afirmam a inexistência do diabo e do seu reduto, parabéns: você é um católico idiota! O intuito deste artigo é fazer com que você não descubra tarde demais sobre a realidade infernal, que é o lugar onde Satanás quer nos ver a todos. Uma das artimanhas do capiroto é justamente fazer que não acreditemos nele. Esperto, o rapaz.
Quando se fala dos Novíssimos (ramo teológico que versa sobre Céu, Inferno e Purgatório) uma grande dificuldade é não deixar a nossa imaginação distorcer as coisas. Como somos seres presos ao espaço-tempo, logo passamos a encarar os mistérios da Fé usando essas duas réguas. De fato, facilita muito dizer que o Céu é lá em cima, o Inferno é lá embaixo e que o Purgatório fica no meio. Assim, qualquer criança entende.
Sim, o Inferno existe. É um lugar onde há choro e ranger de dentes, o que significa castigos e torturas, sofrimento e sensação de morte. Porém, não é um lugar que podemos estabelecer geograficamente. O Inferno é um estado da alma, aquela que prefere estar afastada de Deus, que não deseja a conversão e a santidade, que gosta de machucar a si mesma de uma maneira doentia porque, no fundo, quer fazer mal a si mesma do mesmo modo que Lúcifer o quer. É uma desgraça que nosso imaginário não alcança totalmente.
Na modernidade em que a religião é “o ópio do povo” e onde para ter Fé basta acender um incenso em casa, não espanta tratarem o Inferno com tanto descaso e tornarem o diabo mais um ser folclórico que real. Honestamente, não sei o que espera receber de volta alguém que numa festa se fantasia do chifrudo. Benção que não é. Não à toa, tem aumentado vistosamente o número de satanistas que, para disfarçarem um pouco nomenclatura tão condenável e manjada, agora deram para se chamar de “luciferianos”. É tudo a mesma merda. Perdoem, me corrijo: é pior que merda.
Alguns ingênuos argumentam que o Inferno seria vazio porque a Misericórdia e o Perdão de Deus são infinitamente maiores que os pecados de toda a humanidade. De fato, o são. Não há pecado que Deus deixe de perdoar a um pecador arrependido. E aí está o pulo do gato: as pessoas pecam, não se arrependem, não mudam de vida e querem ser perdoadas no final mesmo assim. Não vai rolar. A Misericórdia anda de mãos dadas com a Justiça. Deus, que é o Justo Juiz, vai recompensar a cada um conforme as suas obras.
O problema não está em sermos pecadores, isso todos somos. O problema está em preferir o caminho do pecado e renunciar a Deus. Levando uma vida de maldades e erros, cometidos de forma consciente e livre, a pessoa está cavando para si a própria condenação. Não é Deus quem condena. É o pecador inveterado que reconhece, diante de Deus, que não merece o Céu. Então, orgulhosamente, diz para o Criador o que passou a vida inteira dizendo: “Não! Não o quero, Deus! Passei a vida sem você, vou passar a eternidade também! Xau, sem bença!”. O Inferno é isso: a vida eterna longe de Deus.
Não escreverei, aqui e agora, sobre os diversos tipos de torturas infernais, nem sobre os nove círculos do Inferno e a infinidade de demônios especializados que habitam em cada um. Mas o recado está dado: o Inferno existe e não está vazio. Aliás, está mais cheio a cada dia. A cada hora que passa, chegam mais e mais caravanas de desavisados para ocupar espaço na casa do capeta. Conselho de amigo: olhe para a sua vida e veja se você não é um desses que já está de passagem comprada para lá. Lugar, tem.