Jovens e idosos: a aliança nasce da escuta
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“A vocês, jovens, que estão se preparando para partir para Lisboa ou que viverão a Jornada Mundial da Juventude na sua própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, vão visitar os seus avós, façam uma visita a um idoso que mora sozinho!”

O pedido é do Papa Francisco aos jovens que estão se preparando para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontece em Lisboa, Portugal, de 1º a 6 de agosto, com o tema: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39). O apelo de Francisco foi feito em sua mensagem para o 3º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, marcado para o próximo dia 23 de julho e que terá como tema “A sua misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1, 50).

“No tema de ambas – a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a da Jornada Mundial da Juventude – sobressai a ‘pressa’ de Maria quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrarem os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior”, explica Francisco.

Em tempos de distâncias cada vez maiores entre pais e filhos, o Papa lança um desafio ainda maior: que os jovens se aproximem de seus avós. Será possível?

Não é a primeira vez que Francisco fala da importância de uma “aliança entre as gerações”. Em mensagens e documentos anteriores, ele afirmou que “os idosos são uma dádiva”, uma riqueza que não pode ser desperdiçada. Chamou a atenção de todos – adultos, jovens e crianças – para o fato de que os idosos representam as raízes de nossa existência, de nossa vida e de nossos valores. Ao deixarmos os idosos de lado – considerando-os “ultrapassados” e “obsoletos”, pessoas que “não entendem o mundo de hoje” – estamos jogando fora grande parte de nossa história, de nossa essência, daquilo que construiu a base de nossa existência.

Por outro lado, valorizar os idosos e os avós, ouvi-los e conhecer sua história, sua trajetória de vida, pode ser uma grande oportunidade de aprendermos que não surgimos do nada. Seja em nossa família, em nossa comunidade ou mesmo na sociedade como um todo, temos a chance de compreender que fazemos parte de algo muito maior, que ultrapassa nossa existência como indivíduo. Algo que tem uma origem, uma história repleta de sonhos e projetos e também de dificuldades e desafios.

Como se constrói a aliança dos jovens com seus avós? O Papa Francisco aponta um caminho: o encontro e a escuta. É preciso que, como Maria, os jovens saiam para visitar os idosos, estar com eles e escutar suas necessidades, seus sentimentos. Estar abertos também para sua sabedoria, construída pela experiência dos anos vividos.

Ao se colocarem à escuta, os jovens podem estabelecer uma aliança que rompe o isolamento e a solidão a que muitos idosos estão submetidos. Cria-se também uma oportunidade para que os idosos renovem sua esperança, vendo nos jovens os projetos e os sonhos ganharem novo impulso. E que percebam que sua vida, mesmo chegando ao fim, foi importante para que as novas gerações possam construir seu próprio caminho de realização.

Uma visita aos idosos não garante tudo isso, mas é um ótimo ponto de partida.