15º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Isaias 55,10-11)

De há muitos anos os israelitas são escravos na Babilônia e se perguntam se algum dia será possível rever a própria terra.

Entre essas pessoas cansadas e desiludidas surge um profeta: fala em nome de Deus e anuncia que a libertação está próxima. O povo se deixa enlevar pela sua mensagem, acredita nas suas promessas, se prepara e aguarda a hora na qual a palavra de Deus se cumprirá. Os anos passam e a demora provoca em todos um grande desânimo.
Por que, perguntam-se, a palavra de Deus não se realiza? Talvez Ele também, como os homens, agora não mantém as promessas?

O profeta responde com uma analogia. A palavra de Deus, diz, é como a chuva e como a neve: caem do céu e não voltam sem antes ter produzido o efeito para o qual foram enviadas. A água fecunda a terra, faz germinar o trigo e a erva e faz crescer todas as espécies de plantas. A palavra de Deus também realiza aquilo que promete.

Para nós acontece também alguma coisa parecida: acontece de nos deixarmos levar pela desconfiança quando verificamos que a palavra de Deus não se realiza imediatamente. Por fim somos obrigados a admitir que neste mundo vencem os espertalhões, os desonestos, as pessoas desleais, corruptas, violentas. Então surgem as dúvidas. Pode-se confiar Nele? Suas promessas se realizarão?

Quando surgirem esses pensamentos dentro de nós, temos que lembrar que a palavra de Deus é como a “chuva e a neve que caem do céu. . .”

 

2ª Leitura (Romanos 8,18-23)

É muito bonito o trecho da Carta aos Romanos que nos é proposto hoje: de um lado descreve a triste situação do mundo e do outro oferece o motivo pelo qual devemos manter a serenidade e a esperança.

O que constatamos ao nosso redor? Sofrimentos, lágrimas, ódios, violências. Não ouvimos de todos os lados gritos de dor e de desespero? Por que acontece isso? Para onde está caminhando o mundo?

Muitos se sentem tentados a interpretar estes gritos de dor como um sinal de que a morte está se aproximando: o mundo continua piorando e um dia acabará, será destruído, desaparecerá.

Esta interpretação do grito da criação – nos diz Paulo na carta de hoje – não é cristã, porque destituída de esperança e, para ser mais claro, traz o exemplo da mulher que está para dar à luz um filho.

Quando está para se tornar mãe, a mulher sofre, sente dores muito fortes e grita. Quem a escuta pode pensar que ela está para morrer, mas não é assim. As suas não são dores da morte, mas de vida. Logo um novo ser humano vai aparecer neste mundo e os gritos de dor se transformarão em cânticos de alegria.

Esta promessa de Paulo não se refere ao outro mundo, ao paraíso, mas sim ao nosso mundo, à sociedade na qual estamos vivendo.