12º Domingo do Tempo Comum
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Diác. Ézio Ribeiro
Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!”

Evangelho (Mt 10,26-33)

A expressão “não temais”, e repete por três vezes ao longo do texto. Trata-se de uma expressão que aparece com alguma frequência no Antigo Testamento, dirigida a Israel ou a um profeta. O contexto é sempre o da eleição: Deus elege alguém (um Povo ou uma pessoa) para o seu serviço; ao eleito, confia-lhe uma missão profética no mundo; e porque sabe que o “eleito” vai confrontar com forças adversas, que se traduzirão em sofrimento e perseguição, assegura-lhe a sua presença, a sua ajuda e proteção.

É neste contexto que o Evangelho deste domingo nos situa. Ao enviar os discípulos que elegeu, Jesus assegura-lhes a sua presença, a sua ajuda, a sua proteção, para que os discípulos superem o medo e a angústia que resultam da perseguição.

As palavras de Jesus correspondem à última bem-aventurança: “bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós” .

Este convite à superação do medo vai acompanhado por três momentos.

No primeiro momento, Jesus pede aos discípulos que não deixem o medo impedir a proclamação da Boa Nova. A mensagem libertadora de Jesus não pode correr o risco por medo, ficar restrita a um pequeno grupo. Mas é uma mensagem que deve ser proclamada com coragem, com convicção, com coerência, de cima dos telhados, a fim de mudar o mundo.

No segundo momento, Jesus recomenda aos discípulos que não se deixem vencer pelo medo da morte física. O que é decisivo, para o discípulo, não é que os perseguidores o possam eliminar fisicamente; mas é não perder a possibilidade de chegar à vida plena, à vida definitiva…

Ora, o cristão sabe que a vida definitiva é um dom, que Deus oferece àqueles que acolheram a sua proposta e que aceitaram pôr a própria vida ao serviço do “Reino”.

Os discípulos que procuram percorrer com fidelidade o caminho de Jesus não podem viver angustiados pelo medo da morte.

No terceiro momento, Jesus convida os discípulos a descobrirem a confiança absoluta em Deus.

Para ilustrar a solicitude de Deus, Mateus recorre a duas imagens: a dos pássaros de que Deus cuida (que revela a tocante ternura e preocupação de Deus por todas as criaturas, mesmo as mais insignificantes e indefesas);
E a dos cabelos que Deus conta (que revela a forma profunda, como Deus conhece o homem, com a sua especificidade, os seus problemas, as suas dificuldades).

Deus é aqui apresentado como um “Pai”, cheio de amor e de ternura, sempre preocupado em cuidar dos seus “filhos”, em entendê-los e em protegê-los. A certeza de ser filho de Deus é, sem dúvida, algo que alimenta a capacidade do discípulo em empenhar-se, sem medo, na missão. Nada, nem as dificuldades, nem as perseguições, conseguem calar o discípulo que confia na solicitude, no cuidado e no amor de Deus Pai.