Solenidade da Santíssima Trindade – Leituras Iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

 

1ª Leitura (Êxodo 34, 4b-6.8-9)

Hoje é o Domingo da Trindade, uma solenidade introduzida bem tarde no calendário litúrgico (por vlta do ano 1350), e é fácil entender a razão: todos os domingos são festa da Trindade, não?

As leituras deste dia foram escolhidas para nos ajudar a purificar o nosso coração sobre as imagens de Deus. Os povos pagãos da antiguidade imaginavam Deus como um soberano poderoso e terrível, sempre pronto a enfurecer-se contra quem não lhe oferecesse sacrifícios ou violasse suas leis. Os muçulmanos, por exemplo, dizem que ele criou o céu e a terra, mas reside lá em cima, governa lá do alto, não desceu à terra, não se fez homem.

O Deus cristão não é solitário, é família. Se ele nos falou de si e da sua vida, foi porque quer que estejamos conscientes do presente que ele quer nos dar, como introduzir-nos na sua família.

Na Bíblia encontramos com frequência as palavras proferidas por Deus, e no final do livro do Êxodo encontramos, de sua boca, uma ampla apresentação de si mesmo. O que ele diz é relatado na primeira leitura de hoje. O trecho, porém, não traz o versículo 7. Neste, Deus continua sua revelação dizendo que “não se deixa sem punição o mal e castiga a culpa dos pais nos filhos, netos e bisnetos”. Então Deus se contradiz?

Deus nunca castiga. Ele ama a todos, até o maior dos pecadores. Mas nós sabemos o que acontece com quem se comporta mal: arruína a si mesmo, a própria família, e até os filhos e netos. Todos nós conhecemos alguém que sofre as consequências físicas e psíquicas por causa dos excessos cometidos por seus pais e avós.
A Bíblia denomina castigos de Deus aquilo que, na verdade, é somente a consequência do pecado.

 

2ª Leitura (II Coríntios 13, 11-13)

Esta leitura contém as últimas frases da segunda carta de Paulo aos cristãos de Corinto. Trata-se de expressões muito doces, repletas de ternura, como sempre deveriam ser as palavras daqueles que participam das suas comunidades.

As ameaças, as palavras duras e ofensivas, o “terrorismo” espiritual incutindo medo não favorecem o amor de Deus e aos irmãos e, menos ainda, ajudam a trazer a felicidade.

A palavra de Paulo é o resultado da descoberta da verdadeira face de Deus. Ele saúda os cristãos com a fórmula que até hoje é usada na liturgia da missa: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Segundo Paulo:

1. o Pai trouxe a salvação aos homens, destinando-os a uma felicidade eterna, na família.

2. o Filho cumpriu esta obra de salvação com sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte.

3. o Espírito, o amor que une o Pai com o Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo. Desde o instante em que se recebe este dom, passa-se a fazer parte da família de Deus: a Trindade.