4º Domingo da Páscoa – Leituras Iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.

 

1ª Leitura (Atos 2, 14a.36-41)

O discurso de Pedro apresentou ao povo de Israel a vida de Jesus (…um homem que passou fazendo o bem a todos). “Saiba, portanto todo o povo de Israel, que Deus constituiu Senhor e Messias aquele Jesus que vós crucificastes” (vers.36).

A reação de povo diante destas palavras revela o arrependimento e a disponibilidade total para aceitar, sob qualquer situação, a proposta que vem de Deus: “O que temos que fazer?” (ver.37).

Esta completa abertura para a verdade é exigida de cada homem diante da palavra de Deus. Esta é sempre uma denúncia do pecado e uma chamada à conversão, à mudança dos modos de pensar e viver. É “mais penetrante do que uma espada de dois gumes (Hebreus 4,12), atinge o íntimo do coração e manifesta às claras toda fraqueza, toda maldade, todo erro. Esta “espada de dois gumes” não pode ser transformada numa muleta para sustentar distorções e nossas fraquezas, para permitir-nos continuar convivendo com as nossas situações de paralisia.

Diante desta palavra a única postura honesta é a escuta humilde, a disposição para mudar, para renegar os erros do passado, para não justificar os pecados cometidos, disposição enfim para começar uma vida nova.

A resposta de Pedro apresenta as três etapas que marcam o caminho da salvação: conversão da antiga maneira de viver e dos erros cometidos, o Batismo, a alegria de receber o dom do Espírito (vers.38).

 

2ª Leitura (I Pedro 2, 20b-25)

Neste ponto da exortação de Pedro aos recém-batizados, ele enfrenta um tema social delicado: entre os que receberam o batismo há pessoas nobres e abastadas, mas há também escravos; a estes ele se dirige agora. Sabe que alguns deles têm patrões bons e compreensivos; mas há outros que têm que lidar com homens rudes e difíceis. Às injustiças dos patrões se somam frequentemente os vexames e os agravos dos companheiros de escravidão.

Como devem comportar-se com quem os irrita e os maltrata? Devem revoltar-se? Podem reagir com o recurso à violência?

Pedro responde apresentando a descrição do profeta Isaías sobre o Servo do Senhor: “Ele não tinha pecado, não se encontrava mentira alguma na sua boca” (Isaías 53,9), “ultrajado não respondia com ultrajes, sofrendo não ameaçava vingança” (vers.23).

O cristão é chamado a introduzir no mundo uma novidade absoluta, alguma coisa que nunca se viu: o amor sem condições para todos os homens, até para os inimigos.

Quem quiser construir um mundo novo no qual reine a justiça, a paz, o amor, deve recorrer somente aos meios propostos por Cristo. Por nenhum motivo o cristão deve ceder à tentação de recorrer àqueles métodos que Cristo expressamente rejeitou. A violência, por vezes, parece dar algum resultado, mas a longo prazo, não só não resolve os problemas, mas produz sempre alguns novos.