Padre Taddei e o laicato católico
Na atualidade, em todas as partes do Brasil, convivemos com uma Igreja repleta de leigos em funções diversas. Sabemos que o Concílio Vaticano II deu enorme ênfase à expressão do povo de Deus na vida da Igreja Católica. Com os anos de 1960 vieram novas demandas à sociedade ocidental, de comportamento, intelectualidade e expressão cultural que sugeriam uma participação maior dos fiéis na Igreja. Os documentos conciliares sobre liturgia e pastoral, incentivaram a novidade dos leigos participando como ministros extraordinários da Eucaristia, leitores durante o rito e abriram espaço para ampliar a sua formação na Teologia cristã. Capacitado, o laicato tem dado mais de seu tempo e vida para a religião.
Grupo fundamental na liturgia católica é o das mulheres, que servem, hoje, em tantas funções: como leitoras, ministras extraordinárias da Eucaristia, liderando movimentos, emprestando, assim, à Igreja o seu talento especial. Importante lembrar que, até o Concílio Vaticano II, portanto há sessenta anos, a presença feminina no altar era absolutamente impensável.
A participação mais ativa dos leigos na Igreja Católica foi uma vereda aberta muito antes do Concílio. Se ela se expandiu e tomou fôlego quando João XXIII chamou os bispos a Roma e estabeleceu com eles novos caminhos à Igreja, muito antes disso, outros movimentos foram protagonizando o laicato, como as Congregações Marianas e a Ação Católica. O primeiro deles, sem dúvida o Apostolado da Oração. No Brasil o padre Taddei, como diretor nacional foi o grande promotor da presença leiga colaborando com o clero. No ano de 1900 um encontro em Salvador, liderado pelo padre Taddei, discutiu e propôs novos caminhos à presença laica católica no Brasil.
Se as Congregações Marianas desenvolveram os ideais de devoção a Maria muito além da reza do terço, levando seus membros a uma consagração de vida tendo como um princípio para se chegar a Jesus através de Maria (Ad Jesum per Mariam), a Ação Católica foi um passo importante para os fiéis “serem Igreja”.
Em 1929, diante das grandes mudanças no mundo ocidental, com o crescimento da ultradireita fascista na política italiana e o socialismo na Rússia, o papa Pio XI incentivou o movimento laico tendo por fim os princípios da doutrina social da Igreja. Entre os ideais do movimento estava a interferência dos católicos inclusive nas eleições, fosse como candidatos ou na escolha de servidores públicos comprometidos com ideais cristãos. Em 1960 o papa João XXIII, dois anos antes da abertura do concílio, viu na Ação Católica um movimento fundamental de valorização dos leigos. Na atualidade o Papa Francisco tem aberto ainda mais a Igreja à participação laica, seja de homens e mulheres, incentivando-os a colaborar cada vez mais nas paróquias ou nomeando-os para cargos de função decisória na Cúria Romana.
Na próxima semana veremos como o padre Taddei anteviu no Apostolado da Oração o protagonismo dos leigos na Igreja, ainda no século XIX.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”