3º Domingo da Páscoa – Leituras Iniciais
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Atos 2, 14.22-32)
Lendo o que a liturgia nos propôs na primeira leitura do dia da Páscoa (Atos 10,38) e o que nos diz o Evangelho de hoje, nota-se de imediato que a vida de Jesus é sempre apresentada com as mesmas palavras. Como explicar esta coincidência?
A leitura de hoje não trata de registrar com exatidão as palavras de Pedro ou Cléofas – um dos discípulos de Emaús (Lucas 24,19-20) – mas de resumir a catequese a respeito de Jesus como era ensinada nos primeiros tempos da igreja. Provavelmente este é um texto curto que era aprendido de cor por todos os catecúmenos durante a preparação ao Batismo.
1. A forma como Jesus terminou sua vida provoca escândalo. 2. Como é possível que um justo tenha acabado assim?
Pedro responde que a morte de Cristo estava enquadrada no plano de Deus (vers.23). O que, para os olhos dos homens foi uma humilhação, uma ignomínia, aos olhos de Deus é uma vitória.
Nesse ponto Pedro usa uma expressão muito forte, diz que “Deus obrigou a morte a dar à luz” (vers.23-24). Os antigos pensavam que os fetos estivessem “amarrados ao ventre materno por laços que no momento do parto se desatavam. Jesus estava como que amarrado no seio da morte. Deus interveio para libertá-lo e assim causou o seu “nascimento”. Este é o maior prodígio através do qual Deus revelou o seu poder: do seio da morte trouxe a vida.
2ª Leitura (I Pedro 1, 17-21)
Nesta leitura de hoje Pedro diz aos recém batizados: agora vós podeis chamar a Deus de “Pai” porque dele recebestes uma vida nova. Esta é uma realidade maravilhosa, mas comporta também graves responsabilidades. Deus de fato não faz acepção de pessoas e diante dele o que tem valor é somente o que se faz (vers.17).
Para destacar mais ainda o que vem dizendo, Pedro continua lembrando aos novos batizados que antes eles eram escravos do pecado, que foi necessário resgatá-los e que alguém teve que pagar o preço dessa libertação. O preço não foi fixado em dinheiro ou em bens materiais, mas foi o sangue de Cristo.
O cordeiro pascal, sem manchas e sem defeitos, que o povo de Israel sacrificava durante a celebração da Páscoa, cordeiro que com seu sangue salvara os israelitas do Egito, era somente uma imagem de Jesus. Jesus é o verdadeiro cordeiro sem mancha, é o seu sangue que resgata os homens do mal.
Com estas exortações Pedro pretende estimular os recém batizados a levar uma vida santa, mesmo quando não é fácil, para não tornar inútil o sacrifício de Cristo.