3º Domingo da Quaresma
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Diác. Raimundo Bezerra Neto
Paróquia São Judas Tadeu

“Dá-me de beber.”

Evangelho (Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42)

Estamos no terceiro domingo da Quaresma, e a Liturgia nos apresenta um ponto alto da fé. Com esta Liturgia a Igreja primitiva recebia os Catecúmenos (pessoas assim chamadas e não batizadas e que estão na Catequese para receber os Sacramentos da Iniciação Cristã) para seu primeiro Escrutínio e que estão em busca do Cristo, Água Viva para nossa sede.

Para tanto, há muitos sinais nesta Liturgia, inclusive sinais batismais. No Evangelho que nos é apresentado está a cena do poço. Eis aqui uma grande figura batismal. Junto do poço estão Jesus e a samaritana. Aqui há muitos pontos para refletirmos: há uma mulher, figura tão desprezada “naquela sociedade”. A mulher não tem nome: representa todo o povo de Deus, sedento, sempre em busca de algo, porém, nem sempre em busca Deus, e sabemos que aquele que O buscar será muito feliz, pois O encontrará.

Além do mais há uma resistência da parte da mulher, e com quantas resistências muitas vezes nos deparamos! Mas Jesus não desistiu daquela mulher. Jesus não desiste de nós, mesmo frente às resistências de nossa parte!

Jesus fala para a mulher algo tão fora de lógica do ponto de vista humano! Na verdade quando Jesus diz: “Dá-me de beber”, não tinha sede daquela água, Jesus tinha, como tem hoje, sede de almas. Jesus queria, na imagem daquela mulher (que representa todo o povo de Deus), alcançar, tocar, salvar a todos!

Que bom que mesmo entre tantas normas, tantas proibições da época, quando não era permitido a uma mulher dar atenção para um homem, principalmente uma samaritana para um judeu, quis a providência divina que ela abrisse seu coração, investisse seu tempo com “O Senhor” (embora ela não imaginasse tamanha graça!) e neste espaço, nesta brecha a graça aconteceu. O Senhor só quer um espaço da nossa parte, só quer que demos uma abertura para ele entrar. A mulher questiona Jesus que água ele teria para dar uma vez que nem ânfora ele tinha? Mas Ele tem sim! Ele tem água abundante, O Espírito Santo para todos nós!

A Liturgia nos apresenta o verdadeiro relacionamento de um Deus/Esposo Fiel para um povo/esposa muitas vezes infiel. Jesus fala para a mulher ir buscar o marido e, mais uma vez aquela mulher abre seu coração: Senhor, não tenho marido. Que abertura de coração daquela mulher para Jesus! É esta abertura que Jesus quer de nós! E Jesus diz que ela fala a verdade, já teve cinco (sinal de indefinição), e o que tem agora, portanto o sexto marido (sinal de imperfeição). Na verdade Jesus quis se referir ao sétimo marido (Deus/esposo), aquele que é Fiel, aquele a quem deve-se buscar, deve-se adorar em Espirito e verdade, pois Deus é Espírito!

Que O Senhor nos dê a graça de, nesta Quaresma, abrirmos nosso coração para Ele como a última oportunidade, que sejamos dóceis à ação de Jesus em nossa vida assim como Ele foi na vida daquela mulher!