31º Domingo do Tempo Comum
Diác. Edson Moura
Ordinalato Militar do Brasil – Capela do Regimento Deodoro – 2º GAC (Quartel de Itu)
“Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa.”
Evangelho (Lc 19,1-10)
O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n’Ele o rosto do Deus que ama. Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pobres.
Nos domingos anteriores no Evangelho Jesus nos exorta a rezar sempre e também nos ensina a ser mas misericordiosos deixemos que o Senhor nos transforme através da oração, e deixamos de ser egoístas e arrogantes, fazendo de Deus um “devedor” nosso mas sim um participante da construção do Reino, estando antenados no projeto de Deus e não somente em nossas supostas necessidades.
No Evangelho de São Lucas continuamos no caminho para Jerusalém, estamos precisamente em Jericó, a mais ou menos 34 km de Jerusalém, última parada dos “romeiros” para a celebração das festas judaicas.
Vemos o encontro de Jesus com um cobrador de imposto, mais que isso um chefe dos cobradores de impostos, portanto pecador público, excluído do convívio social e religioso e muito mal visto pelos “puros”. São Lucas mostra neste Evangelho o encontro pessoal de Deus com um pecador, esse encontro é transformador e revela a misericórdia de Deus que não faz acepção de pessoas e vai ao encontro para transforma-lo.
Zaqueu com certeza queria conhecer Jesus, sabia que Ele passaria por ali, e mais do que curiosidade queria experimentar algo diferente e transformador, portanto, tinha em seu coração o desejo de conversão, não estava seguro e feliz com uma vida particularmente solitária, pois era desprezado por todos e também com certeza não se sentia bem com os opressores romanos. Sobe em uma árvore devido a multidão e sua estatura, não estatura física, mas moral, não se sentia digno, mas queria ver Jesus. Mas tinha sido visto por Jesus a muito tempo, esse mesmo Jesus que com certeza sentiu em Zaqueu um desejo de conversão, de mudança de vida.
O subir “em uma árvore” indica a intensidade do desejo de encontro com Jesus, que é muito mais forte do que o medo do ridículo ou das vaias da multidão. Como é que Jesus vai lidar com este excluído, que sente um desejo intenso de conhecer a salvação que Deus oferece e que espreita Jesus do meio dos ramos de uma árvore? Jesus provoca este encontro e diz que irá a casa de Zaqueu, vemos aqui o esplendor da Graça e do amor de Deus por quem se arrepende humildemente e busca a salvação. Mesmo estando cercado dos “puros e “santos” Jesus da atenção a quem precisa e a salvação entra nessa casa, ou seja, nessa vida, Jesus deixou as noventa e nove ovelhas no aprisco e foi atrás daquela que estava perdida. A multidão reage com certa indignação, pois se acha muito justa, mas Jesus mesmo já afirmou certa vez, “quem não está doente não precisa de remédio”
A lógica de Deus é diferente do homem, é acolhedora, misericordiosa quer salvar a todos “Eu vim para as ovelhas perdidas da casa de Israel”, ao sentar com Zaqueu a mesa, que simboliza o “banquete do Reino”, Jesus mostra que os pecadores também tem lugar neste Reino.
Sabemos então que a salvação é universal, ou seja, para todos, somos todos pecadores: sabemos disso ou nos comportamos como “puros” e excluímos aqueles que julgamos pecadores? Trabalhamos para concretizar o Reino de Deus que inclui a todos ou ficamos parados achando que por ser “religiosos” já temos o Reino garantido?