Herói nas terríveis epidemias
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A proliferação de epidemias no Brasil do século XIX foi uma constante, sobretudo em lugares mais quentes. Em Itu, onde o padre Taddei vivia, entre 1889 e 1897 houve diversos males, responsáveis por muitas mortes no seio da população. Os Jesuítas, preparados espiritualmente para enfrentar situações de dificuldade, seguiam os passos dos antigos membros da Ordem, como São Luís Gonzaga, vítima da febre tifoide ao atender enfermos nas ruas de Roma no século XVI. Era um ideal dos inacianos: em tudo amar e servir!

Em 1889 a varíola veio com força ao interior de São Paulo. Padre Taddei foi obrigado a deixar de lado as missões para se concentrar no atendimento aos doentes. Na memória das famílias antigas ficou a imagem do sacerdote que acompanhava médicos e farmacêuticos, arrombando portas de casas onde todos os habitantes estavam atacados. Muita gente morreu confortada com os sacramentos, mas muitos sobreviveram pela sua caridade. O padre Taddei e outros jesuítas cozinhavam, limpavam os cômodos, confortavam espiritualmente, davam a Unção dos Enfermos, enquanto o atendimento médico buscava a saúde do corpo.

Três anos depois foi a vez da Febre Amarela, a pior de todas as epidemias, que matou mais de quinhentas pessoas em Itu. Padre Taddei, em meio à desgraça, sabendo que o Colégio São Luís tinha recursos materiais, distribuiu cartões aos pobres, autorizando-os a procurar pela escola e apanhar víveres para a família enferma.
A visão da epidemia era desoladora: gente à beira da morte, idosos, jovens e crianças sem esperança de sobrevivência. Os Jesuítas tudo fizeram, dirigidos pelo nosso Taddei, líder de uma cruzada pela salvação das vidas e das almas, de casa em casa.

Uma das vítimas mais sentida foi o Pároco, padre Miguel Correia Pacheco, que havia trazido os Jesuítas para Itu. Taddei assistiu a sua morte, à 1 hora da manhã de 21 de abril de 1892, confortando-o. Eram amigos desde 1865; o padre Taddei muitas vezes serviu como seu vigário paroquial.

Taddei foi o consolador das famílias, o homem forte, que deu vida às palavras do Evangelho. Quanta gente devia a ele a sobrevivência!

Em 24 de junho, cessada a Febre Amarela, promoveu solene Procissão do Santíssimo Sacramento com o quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, agradecendo pelo fim da tragédia. Permaneceu como pároco de Itu até o final daquele ano, colaborando para a reconstrução de uma cidade assolada pela desgraça, até que fosse nomeado novo pároco para a nossa Matriz.

Em 1893 continuou as missões populares por muitos cantos do país, convertendo gente, reformando igrejas, construindo pontes. Doravante, mais e mais pessoas vinham engrossar as fileiras do Apostolado da Oração.
Nos anos seguintes houve novas epidemias e lá estavam novamente os Jesuítas, dando a própria vida pela nossa gente. A memória dos antigos de Itu revela a vida extraordinária do padre Taddei e reforçam a certeza de sua santidade, como veremos na próxima semana.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”