Compartilhe

Diác. Edson Moura
Ordinalato Militar do Brasil – Capela do Regimento Deodoro – 2º GAC (Quartel de Itu)

“Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!”

Evangelho (Lc 18,9-14)

A liturgia deste domingo ensina-nos que Deus tem um “fraco” pelos humildes e pelos pobres, pelos marginalizados; e que são estes, no seu despojamento, na sua humildade, na sua finitude (e até no seu pecado), que estão mais perto da salvação, pois são os mais disponíveis para acolher o dom de Deus.

No domingo anterior o Evangelho nos exortava na parábola contada por Jesus aos discípulos e também a nós, entre o juiz iníquo e a viúva, que insistiu na justiça de sua causa até ser atendida, a necessidade de orar sem cessar e neste domingo nos mostra como nossa oração deve ser humilde e não orgulhosa, pois Deus tem um “fraco” pelos humildes, com certeza vê no coração de cada um deles uma atitude de aceitação quando escutam a palavra de Deus, assim sendo São Lucas quer nos ensinar como devemos nos aproximar de Deus no diálogo da oração, que nos torna sensíveis e abertos ao projeto de Deus.

Novamente Jesus está a caminho de Jerusalém e ensina os discípulos e cada um de nós como se comportar em relação ao Reino de Deus, contando uma parábola significativa sobre a humildade em que devemos ter em relação a Deus. Novamente temos dois personagens centrais nesta parábola, por um lado um fariseu cumpridor ferrenho da lei e totalmente fundamentalista e de outro lado um publicano, cobrador de imposto portanto pecador público.

Se por um lado o fariseu elenca diante de Deus todas as suas qualidades ao aproximar-se de Deus na oração, também se acha no direito de acusar o publicano colocando-o num patamar muito inferior ao seu. O fariseu por ser seguidor e cumpridor da lei se acha no direito de estar onde está, ou seja, no Templo dirigindo sua oração a Deus, o publicano por sua vez não tem coragem de levantar os olhos, proclama-se pecador e reconhece que de Deus pode vir o perdão de todas as suas faltas, enquanto o fariseu com sua oração arrogante quase que “obriga” a Deus em atende-lo.

A afirmação de Jesus em que diz que o publicano foi embora para sua casa justificado nos ensina muitas coisas, primeiramente que nossa oração deve ser sincera, porém humilde reconhecendo que Deus não é um Deus do toma lá da cá, somos servos inúteis, e diante de Deus nos tornamos tudo quando somos mansos e humildes de coração; nos ensina também que devemos cooperar nas fraquezas de cada um mutuamente, pois todos somos iguais e a salvação de Jesus Cristo é para todos e por fim que arrogância e prepotência não fazem parte do projeto de Deus.

Diante disso devemos meditar em nossa vida e em nosso relacionamento com Deus, pois vimos que Deus não é um contabilista, uma máquina de recompensas e castigos, mas é o Deus da bondade e da misericórdia sempre disposto a derramar a salvação sobre todos os homens que se aproxima com humildade e reconhecem sua pequenez e necessitado dessa misericórdia.

Apresentar-se diante de Deus cheios de autossuficiência, convencido de sua “bondade”, muito certo de méritos como se pudéssemos cobrar de Deus algo, não faz parte também do projeto de Deus, pois quando achamos que “temos direito” e somos merecedores de tais méritos, geramos desprezo pelos irmãos e criamos barreiras de separação entre bons e maus, provocando exclusão e segregação.

Lembramos então das palavras de Jesus na parábola: Quem se humilha (publicano) será exaltado e quem se exalta (fariseu) será humilhado.