Roraima: um paraíso desconhecido
Compartilhe

por Pe. Adriano Francisco da Silva

Queridos amigos, no início deste ano Deus me deu a possibilidade de fazer a experiência única de ir para Roraima como missionário. Tudo teve início no dia 22 de janeiro quando cheguei nestas terras deste estado tão maravilhoso que recentemente completou 34 anos.

No mesmo dia também já estava marcada minha posse canônica como pároco. Por isso apenas cheguei no aeroporto, me dirigi para o sul do estado. Foram 340 km por uma paisagem muito bonita; muita natureza e pequenos vilarejos beirando a estrada.

Minha paróquia ficava em dois municípios, de São João da Baliza e São Luiz do Anauá. É uma área extensa que inclusive faz divisa com a cidade de Caroebe onde se encontra nosso irmão de Jundiaí, padre Edmilson.

Mesmo cansado da viagem, às 19h deu-se início a missa de posse presidida pelo então vigário geral da diocese de Roraima (hoje administrador diocesano), padre Lucio Nicolleto. Uma celebração muito marcante, pois foi bem participada por tantos fiéis que foram acolher seu novo pastor e companheiro de caminhada.

Nos dias que se seguiram, foi momento de por em prática o conselho que padre Lucio me deu ao final de sua homilia: “Ouvir, ouvir e ouvir”, ou seja, estar pronto para me colocar em sintonia com aquela nova realidade na qual eu estava me inserindo.

Encontrei um povo muito animado e com muita boa vontade. Sedentos pela Verdade do Evangelho. Claro que também com seus desafios. A região é muito isolada do resto do Estado. Isso faz com que não haja muitas oportunidades para eles.

Após a primeira semana organizando os horários de missas – eram 14 comunidades somente para um sacerdote – comecei a visitar as chamadas “vicinais”, estradas que saiam da BR-210 que cortava os municípios em direção ao extremo sul do estado.

Essas estradas vicinais era onde se encontrava a maioria das comunidades da paróquia. Na zona urbana tínhamos as duas igrejas principais, uma em cada município e mais 3 capelas. As outras 9 capelas estavam espalhadas por todo o território paroquial entre os dois municípios de São João e São Luiz.

Em cada comunidade se vivia uma experiência inesquecível. Pessoas simples mas muito, repito, muito acolhedoras. Moravam em estradas de terra que em força de chuva se tornavam intransitáveis. Muitas tinham suas casas feitas de madeira; casas simples mas muito lindas. Algumas inclusive beirando algum riacho, de onde tiravam água para suas plantações e para dar aos animais.

Muitas delas viviam da plantação de banana, açaí ou da criação de algumas cabeças de gado. Os municípios não ofereciam grandes possibilidades de emprego, por isso muitos jovens iam para a capital Boa Vista para estudar e/ou trabalhar; outros ficavam no interior mesmo. Outro fator é também o grande drama migratório que vivemos de nossos irmãos venezuelanos que buscam abrigo no Brasil fugindo do tirano regime comunista da Venezuela, e que tem como porta de entrada no país nossas fronteiras em Roraima.

Com a graça de Deus, nos 5 meses que pude permanecer na missão, enfrentando os desafios da distância e do clima quente, conseguimos ajudar que este amado povo Roraimense, pudesse ouvir a Palavra de Deus e principalmente participar dos sacramentos.

Retornei da missão com um sincero desejo de um dia ali retornar. Digo a todos que visitem esse estado, e principalmente se ofereçam em participar desta missão que a Igreja de Jundiaí faz neste maravilhoso paraíso desconhecido de Roraima!