Dinda Cida
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por Celso Tomba

Uma das relações mais antigas na história da humanidade, que extrapolam a esfera familiar mais restrita, é a relação com padrinhos e madrinhas. Mesmo a História registrando a origem do apadrinhamento por volta do século II, dentro do contexto do cristianismo, há indícios de que a figura do “protetor”, “daquele que cuida na ausência dos pais”, já existia em tempos mais remotos.
Em muitas situações – sejam por questões religiosas, culturais, familiares ou pessoais – a relação com os padrinhos e madrinhas é muito forte. Muitos deles realmente fazem parte da vida de seus afilhados, assumindo verdadeiramente o papel de acompanhar os apadrinhados em sua trajetória, seja para a vida toda – no caso dos padrinhos e madrinhas de batizado – ou durante a vida matrimonial – no caso dos padrinhos e madrinhas de casamento.
No Brasil, em muitas regiões, as crianças aprendem desde cedo a respeitar os padrinhos e madrinhas de forma especial. Até mesmo a forma de se referir a eles ganha destaque, como é o caso da expressão “dinda”, forma carinhosa de se referir à madrinha.
Na Igreja, temos os santos e santas que recebem o título de padroeiros e padroeiras em diversas situações. Pode ser de um grupo profissional, como é o caso de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Ou de um lugar, como São Sebastião, considerado o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro.
Ter um santo como padroeiro é um costume que remonta aos primeiros séculos da era cristã. O bispo Santo Ambrósio, que viveu no século IV, deixou registros escritos sobre os padroeiros de sua igreja (diocese). No século VI, ter um padroeiro já havia se tornado uma prática comum.
Esse é o caso de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que celebramos neste mês de outubro. Foi o Papa Pio XI que atribuiu oficialmente a Nossa Senhora da Conceição Aparecida o título de Rainha do Brasil e sua Padroeira Principal, em 1930. Na verdade, o Papa Pio XI oficializou algo que já estava no coração dos católicos brasileiros: Nossa Senhora Aparecida é a “mãezinha”, a “madrinha”, a “dinda” a quem podemos recorrer a qualquer momento, pedindo sua proteção e sua ajuda nos momentos mais difíceis.
O Brasil vem passando por momentos turbulentos durante todo o processo eleitoral que culminará nas eleições deste domingo, 02 de outubro, e pode se estender até o dia 30 de outubro, com a possibilidade de realização de segundo turno nas disputas para o governo federal e de alguns estados. Mesmo encerrado o processo eleitoral, muitas dificuldades permanecerão e precisarão ser enfrentadas.
O país está precisando de cuidados, de orientação, de alguém que cuide dele e vele pela sua trajetória, pelo seu caminho. Estamos precisando de nossa madrinha, de nossa padroeira, Nossa Senhora Aparecida. Como mãe e madrinha, ela acolhe todos os seus filhos e afilhados, escuta a todos, mas não age em seu lugar. Ela provê carinho e proteção, mas cuida para que cada um tome suas próprias atitudes e assuma as responsabilidades que elas trazem.
Que a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida – a “Dinda Cida” – escute o sofrimento e a aflição de tantos brasileiros e nos ajude a tomarmos as melhores decisões, neste tempo e nos outros que ainda hão de vir.30