27º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
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por Nilo Pereira

1ª Leitura (Habacuc 1,2-3;2,2-4)

Habacuc vive aproximadamente 600 anos antes de Cristo. O poder político está nas mãos de Joaquim, um rei que gosta de luxo, festas, grandes palácios, mas que não tem competência para governar.

A situação, portanto é muito difícil. O povo desesperado se dirige ao profeta e lhe diz: “Queremos saber o que devemos fazer porque assim como está não conseguimos levar adiante a nossa vida”.

Naquela mesma noite Habacuc se dirige ao Senhor e as palavras que diz estão relatadas na primeira parte da leitura de hoje (cap.1 vers.2-3). Estupenda esta oração do profeta! Ele tem a coragem de dizer a Deus que não concorda com ele, que não entende a sua tolerância em relação aos malvados; tem a ousadia de pedir-lhe contas do seu comportamento.

A segunda parte da leitura (cap.2 vers.2-4) contém as palavras do Senhor. Começa pedindo que o profeta escreva aquilo que está para lhe dizer; quer que fique documentado (vers.2). Em seguida faz uma promessa: em curto prazo não acontecerá nada; não haverá mudanças imediatas. Deverá se passar certo tempo antes que chegue a libertação (vers.3).

Nós também, às vezes, enfrentamos situação semelhante. Quantas vezes não conseguimos entender por que Deus permite que aconteçam coisas tão absurdas! O fiel muitas vezes se encontra numa encruzilhada: invoca o Senhor, pede-lhe para restabelecer as coisas no seu devido lugar, mas quase sempre deve admitir que continua tudo como antes. Mas então, para que serve a fé? De que adianta recorrer a Deus se ele nunca faz aquilo que lhe pedimos?
A oração não provoca mudanças em Deus, mas permite que o homem descubra sua pobreza, seus limites, a mesquinhez dos seus projetos.

 

2ª Leitura (2Timóteo 1,6-8.13-14)

O impulso interior que nos impele a servir os irmãos da comunidade é como um fogo, e nós sabemos que o fogo aos poucos de apaga se não for alimentado. A cada dia o cristão deve reavivar o amor que, no dia do seu batismo, foi aceso pelo Espírito. Não há nenhuma surpresa se, diante das dificuldades, das incompreensões, dos embates com os que têm idéias diferentes das nossas, das desilusões provocadas pelas atitudes de muitos irmãos da comunidade, o entusiasmo diminui. Para não fraquejar diante do desânimo, é necessário renovar o compromisso e relembrar as escolhas fundamentais da vida.

Na segunda parte da leitura (vers.13-14), o apóstolo recomenda por duas vezes a Timóteo (e a todos os dirigentes da comunidade) a conservar o depósito da fé em toda a sua integridade. Esta exortação não deve ser confundida com o imobilismo espiritual; não são desvios da fé as novas explicações do Evangelho que o tornam mais compreensivo e mais próximo dos problemas da nossa vida.

Temos que admitir que a nossa fé é imperfeita e ingênua. Na vida cristã somos como crianças recém nascidas. Precisamos nos alimentar com o leite da palavra de Deus para atingirmos a idade adulta.