26º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
por Nilo Pereira
1ª Leitura (Amós 6,1a.4-7)
A leitura de hoje nos propõe outra passagem do mesmo profeta. Desta vez o seu ataque duro e violento é contra os chefes políticos, contra os aristocratas que possuem seus palácios na cidade de Samaria (vers.1).
Nesta página está contida a indignação de Amós, o rústico pastor de ovelhas acostumado a dormir ao relento, que sente náusea pelos desmandos e pelas orgias de quem acumulou fortunas por meio de opressões e rapinas.
A leitura termina com uma terrível ameaça: dentro de poucos anos virão os inimigos, os assírios, que incendiarão os seus palácios e destruirão a cidade. Os chefes indolentes serão arrancados de seus esplêndidos divãs e serão arrastados como escravos para Nínive. Assim terão fim – promete Amós – os banquetes dos voluptuosos (vers.7). Palavras terríveis contra os ricos e poderosos, jamais ouvidas em Israel.
Nós talvez sejamos pobres e não sejamos chefes políticos, entretanto, a leitura tem alguma lição também para nós. Vejamos antes de tudo, os motivos de não agirmos como os aristocratas da Samaria:
1 – Porque não temos condições para isso?
2 – Condenamos asperamente os ricos apenas por não termos a mesma sorte que eles?
3 – Com os mais fracos do que nós, na prática nos comportamos como os despudorados ricaços de Samaria?
Além do mais, para satisfazer os nossos pequenos e grandes caprichos ou vícios, ás vezes submetemos a privações a família, a(o) esposa(o), os filhos. Nas nossas cidades, hoje em dia, há muitos jovens que olham com inveja aqueles que vivem no luxo, que sonham um dia poder ser como eles. Há muitas jovens que vendem até o próprio corpo para sentir a embriaguez de poder conviver nessas rodas de privilegiados.
2ª Leitura (1Timóteo 6,11-16)
Quando escreve ao seu amigo Timóteo, bispo de Éfeso (atual Selçuk na Turquia), Paulo está antes de tudo, preocupado porque nas comunidades cristãs, estão se infiltrando alguns “falsos mestres” que difundem doutrinas exóticas que desviam os cristãos da verdade. Na última parte da sua carta ele descreve os vícios dessas pessoas: obcecadas pelo orgulho, ignorância, discussões ociosas e, o que é pior de tudo: consideram a religião como uma fonte de lucro.
É evidente que todos os cristãos deveriam meditar sobre a lista de virtudes mencionadas (vers.11). Entretanto, é sobretudo para quem preside a comunidade refletir e verificar se as possui todas. Com efeito, os fiéis olham para ele como um exemplo a ser imitado.
Na última parte da carta (vers.12-16) Paulo insiste com Timóteo para que mantenha irrepreensível e sem mácula o Evangelho que ele anunciou, existe o perigo, para quem exerce o ministério da presidência da comunidade cristã, de tentar modificar a mensagem do Mestre, de suavizá-la, de omitir as partes mais desafiadoras, de adaptá-la aos modismos para torná-la aceitável a quem, para não ser perturbado, está disposto a distribuir favores, honrarias, privilégios e vantagens econômicas.