Atenção
Quando desejamos compreender algo, prestamos atenção. A gente pensa e repensa, troca ideias sobre, medita, enfim. De acordo com o “pai dos burros”, trata-se da concentração de atividade mental sobre um objeto determinado, tanto faz se é um animal pastando, uma paisagem ou um livro.
A pessoa apaixonada costuma prestar muitíssima atenção naquela outra que é objeto do seu afeto. Todos os sentidos se abrem. Fica atenta a cada detalhe visual, palavra dita e até mesmo o perfume. Não o faz por mera fixação, mas por amor. De fato, no dicionário, o ato de “dar atenção” denota um carinho ou um cuidado especial a alguém com quem se relaciona.
Triste é perceber que muitas pessoas vão à Santa Missa sem dar a ela a devida atenção. Será mesmo falta de amor e de carinho para com o mais importante rito católico? Ou será apenas o sintoma de uma geração cada vez mais distraída por chocalhos tecnológicos e preocupações em demasia? Será uma condição neurológica moderna e coletiva, uma espécie de déficit de atenção generalizada?
Na Missa todos os nossos sentidos são envolvidos. Devemos contemplar o espaço sagrado e o desenrolar da Liturgia, abrir os ouvidos à Palavra de Deus e às orações litúrgicas; somos convidados a usar o olfato, quando se usa o incenso, o tato ao pegar a Eucaristia e o paladar ao comer a Hóstia Santa. Mas é perceptível em nossas assembléias, gente completamente “no mundo da lua”, sem se dar conta disso tudo.
É fácil perder a concentração na missa: um cântico desafinado; um microfone que chia; o padre que espirra; o celular que toca; a criança que chora; a pessoa ao lado que cutuca e puxa conversa; a moeda que cai no chão; a pessoa que chega atrasada procurando um lugar; a pessoa que sai antes da bênção final; etc. Qualquer um pode acrescentar itens a esta lista, porém tudo isso é preocupante.
No Antigo Testamento, os profetas costumam pedir que o povo “incline os ouvidos”, ou seja, preste muita atenção no que vão dizer em nome de Deus. O próprio Cristo recomendava: “Prestai atenção no que ouvis” (cf. Mc 4, 21). Hoje é quase um imperativo ter que solicitar aos fiéis que desliguem ou silenciem o telefone celular antes da Santa Missa. Tudo para que se aproveite de verdade aquela única hora de reunião da comunidade em torno das mesas da Palavra e da Eucaristia.
Não é incomum, infelizmente, o celebrante perceber a desatenção de vários fiéis, por motivos vários, principalmente durante a Liturgia da Palavra. A depender de quem faz a homilia, os fiéis ficam atentos. Mas não é raro que esqueçam à noite de tudo quanto ouviram de manhã, revelando que não prestaram realmente atenção ao que celebraram. Por que isso causa tanta preocupação? Porque a falta de atenção durante a Santa Missa revela falta de amor por ela. E não amar a Missa é deixar de amar o próprio Cristo que nela renova o seu sacrifício de amor por nós.
Amém.