15º Domingo do Tempo Comum
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por Diác. Valdeci Florentino dos Santos
Paróquia Nossa Senhora Aparecida

“Então vai e faz o mesmo”

Evangelho (Lc 10,25-37)

A liturgia deste domingo procura definir o caminho para encontrar a vida eterna. É no amor a Deus e aos outros que encontramos a vida em plenitude.
Continuamos “o caminho de Jerusalém” – quer dizer, continuamos nesse percurso espiritual, durante o qual Jesus prepara os discípulos para serem as testemunhas do Reino, após a sua partida deste mundo. É neste contexto “pedagógico” que vai aparecer a “parábola do bom samaritano”.
A parábola nos situa nessa estrada de cerca de 30 quilómetros entre a cidade santa de Jerusalém e o oásis de Jericó. Na época de Jesus, era uma estrada perigosa, sempre infestada de bandos armados. Ora “um homem” não identificado (não se diz quem é, de que raça é, qual a sua religião, mas apenas que é “um homem”, embora, pelo contexto, possa depreender-se que é um judeu) foi assaltado pelos bandidos e deixado caído na beira da estrada. Trata-se, portanto (e isso é que é preponderante), de “um homem” ferido, abandonado, necessitado de ajuda. Quem é o meu próximo?
• A pergunta do mestre da Lei não é uma pergunta acadêmica; é a pergunta que os homens do nosso tempo fazem todos os dias: “o que fazer para chegar à vida plena, à felicidade? Como dar, verdadeiramente, sentido à vida?” A resposta eterna é: “faz de Deus o centro da tua vida, ama-O e ama também os outros irmãos”.
• O que é isso do amor ao próximo? Até onde se deve ir? É preciso exagerar? Não se trata de exagerar. Trata-se de ver em cada pessoa – sem exceção – um irmão e de lhe dar a mão sempre que ele necessitar. Qualquer pessoa ferida com quem cruzamos nos caminhos da vida tem direito ao nosso amor, à nossa misericórdia, ao nosso cuidado.
Pode acontecer que o lidar todos os dias com o divino tenha endurecido o nosso coração em relação às realidades do mundo… Pode acontecer que uma vida instalada nos torne insensíveis aos gritos de sofrimento dos pobres… Pode acontecer que o nosso egoísmo fale mais alto e que evitemos nos meter em complicações por causa das injustiças que os nossos irmãos sofrem… Mas, nesse caso, convém perguntar: deixando que a minha vida se guie por critérios de egoísmo e de comodismo, estou a caminhando em direção à minha realização plena, à vida eterna.
“E quem é o meu próximo?” Excelente questão a deste doutor da lei à procura de precisão e de uma boa receita “para ter a vida eterna”. Porém, não há resposta pré-estabelecida, nem nos lábios de Jesus, nem na Internet… “Amarás!” Resposta vasta como o mundo! No caminho da nossa semana procuremos inventar a nossa relação com os irmãos reencontrados: evitar? ignorar? aproximar-se? Quem será o nosso próximo? Mas sobretudo, de quem nos tornaremos próximos? De quem nos vamos aproximar concretamente para pôr em ação este convite a amar? “Então, vai e faz o mesmo!”, diz-nos Jesus.
Estou tendo olhos, ouvidos e coração sensíveis aos gritos de dor daqueles com os quais eu me encontro pelos caminhos da vida?

AMÉM!