12º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
por Nilo Pereira
Sugerimos que antes de lerem os comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Zacarias 2,10-11)
Este trecho, extraído do livro de Zacarias, é bastante misterioso. Fala de um homem justo e inocente que foi ferido até a morte e nos dá a entender que os responsáveis por esse crime foram os habitantes de Jerusalém. O Senhor porém, nos relata a leitura, despertou no povo culpado um profundo sentimento de arrependimento pela maldade cometida.
Quem é esse homem e por que o mataram? O profeta, que viveu duzentos ou trezentos anos antes de Cristo, sem dúvida se referia a um fato dramático ocorrido no seu tempo. Nada mais sabemos, mas o importante para nós é que o evangelista João identificou este misterioso personagem como sendo a figura de Jesus (Jo 19,37 “E uma outra Escritura diz ainda: Olharão para aquele que traspassaram”).
Este episódio nos induz à reflexão: em nossos dias também existe o perigo de repetir gestos tresloucados como os praticados no tempo de Zacarias e no tempo de Jesus pelos habitantes de Jerusalém. Por que os justos são perseguidos? Por que os que buscam a paz, os que defendem a liberdade, os que promovem a fraternidade acabam sempre sendo oprimidos? Quando então, estes libertadores são eliminados, os responsáveis se dão conta do mal praticado e então choram. Mas é tarde demais!
2ª Leitura (Gálatas 3,26-29)
Como identificar os batizados? É muito fácil: pelas roupas que vestem. Mas, por quê? Por acaso o cristão deve andar uniformizado? Sem dúvida, diz Paulo na leitura de hoje. O traje que identifica o cristão, porém, não consiste numa túnica preta ou roxa, não é feita de lã, algodão, linho ou de algum outro material.
Jesus não mostrava nenhuma simpatia por essas “divisas” que “dividem”, que criam grupos opostos entre si, seitas ou castas privilegiadas (Mc 12,38). Os cristãos são os que se despojam de suas roupas velhas, sujas e esfarrapadas que o cobriam: a embriaguez, os adultérios, os furtos, os ódios, as vinganças. . .e se revestiram da pessoa de Jesus.
Contemplando o cristão, escutando o que ele fala, verificando como ele sempre procura entender, desculpar, ajudar, apoiar quem comete erros, observando como ele ama até os próprios inimigos, os homens todos devem estar em condições de poder reconhecer nele a presença da pessoa de Cristo.
O que dizem de nós os que convivem conosco? O marido, a mulher, os filhos, os colegas de trabalho, os amigos? Reconhecem Jesus em nós?
Paulo continua a sua exortação afirmando que esta “veste” confere a todos os que a usam o mesmo valor a mesma dignidade (vers.28). Faz desaparecer todas as diferenças de classe (escravos e senhores), de nacionalidade (judeus e gregos) e de sexo (homens e mulheres). Perguntemo-nos: Desapareceram em nossas comunidades todas essas diferenças?