Catequese 06 – “Os avós e os idosos”
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Os avós e os idosos também fazem parte das nossas famílias.
Hoje a cultura do descarte dominante tende a considerar os idosos como pouco importantes e até mesmo insignificantes para a sociedade. A velhice, pelo contrário, é um tempo adicional para responder ao chamado de Deus. Trata-se sem dúvida de uma resposta nova, diferente e, de um certo ponto de vista, também mais adulta e madura.
A vocação ao amor é uma chamada que Deus nos faz em cada fase das nossas vidas. Isto significa que mesmo os avós e os idosos são chamados a viver a graça da sua relação com o Senhor através do relacionamento com os filhos, com os netos, com os jovens, com os adolescentes e as crianças.
A resposta a esta chamada se articula em duas direções: uma é dada pelo que eles podem oferecer aos outros através da sua experiência, paciência e sabedoria; a outra, do que eles podem receber dos outros na sua condição de fragilidade, fraqueza e necessidade.
Os idosos oferecem, desta forma, a si próprios e aos que com eles entram em relação, uma ocasião a mais de crescimento humano, autêntico e maduro.

Envelhecer é difícil
Não podemos negar que seja difícil tornar-se idoso.
Para uns, é uma experiência repleta de amargura e tristeza, principalmente se vier associada a doenças ou patologias que tornam complicado realizar as atividades normais que se faziam no passado.
Às vezes, o tempo da velhice é marcado também pelo luto causado pela perda do cônjuge com o qual se passou grande parte da vida.
Num certo sentido, mesmo o tempo da velhice, caracterizada pelos simples e humildes episódios da vida vividos no escondimento, no silêncio e numa condição de aparente irrelevância para a história do mundo, pode ser comparado à vida da Sagrada Família de Nazaré.
O período da velhice é também o momento no qual, depois de se tornar mais necessitados e menos independentes, cresce nos idosos a oração e o diálogo com Deus. É indubitavelmente um tempo privilegiado e propício de graça e de santificação.

“O idoso somos nós”
“A Igreja não pode e não quer conformar-se com uma mentalidade de intolerância, e muito menos de indiferença e de desprezo, em relação à velhice. Devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade.
Os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso não é um ‘alienígena’. O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo inevitavelmente, embora não pensemos nisto. E se não aprendermos a tratar bem os anciãos, também nós seremos tratados assim” (Papa Francisco, 04/03/2015).

Velhice: tempo de graça e de missão
“O Senhor nunca nos descarta! Ele chama-nos a segui-lo em todas as fases da vida, e inclusive a velhice recebe uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma vocação! Ainda não chegou o momento de ‘nos resignarmos’. Sem dúvida, este período da vida é diferente dos precedentes; devemos também ‘inventá-lo’ um pouco porque, espiritual e moralmente, as nossas sociedades não estão prontas para lhe conferir, a este momento da vida, o seu pleno valor. Com efeito, se antes não era tão normal ter tempo à disposição; hoje é muito mais. E inclusive a espiritualidade cristã foi um pouco surpreendida, e trata-se de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. Mas graças a Deus não faltam testemunhos de santos e santas idosos!” (Papa Francisco, 11/03/2015).
(Leia o trecho a seguir do Evangelho de Lucas e relembre a história de Simeão e Ana: Lc 2, 22-38)

Poetas da oração
“O Evangelho diz-nos que todos os dias [Simeão e Ana] esperavam a vinda de Deus, com grande fidelidade, havia muitos anos. Queriam realmente ver aquele dia, captar os seus sinais, intuir o seu início. Talvez já estivessem um pouco resignados a morrer antes: no entanto, aquela longa expectativa continuava a ocupar toda a vida deles, e não tinham compromissos mais importantes do que este: esperar o Senhor e rezar. Pois bem, quando Maria e José chegaram ao templo para cumprir os preceitos da Lei, Simeão e Ana apressaram-se, animados pelo Espírito Santo (cf. Lc 2, 27). O peso da idade e da espera esvaeceu num instante. Eles reconheceram o Menino e descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa: dar graças e testemunhar este Sinal de Deus. Simeão improvisou um lindo hino de júbilo (cf. Lc 2, 29-32) — naquele momento foi um poeta — e Ana tornou-se a primeira pregadora de Jesus: ‘Falava de Jesus a todos aqueles que, em Jerusalém, esperavam a libertação’ (Lc 2, 38).
Estimados avós, amados idosos, coloquemo-nos no lugar destes anciãos extraordinários! Tornemo-nos, também nós um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! A oração dos anciãos e dos avós é uma dádiva para a Igreja uma riqueza! Uma grande dose de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que vive demasiado ocupada, absorvida, distraída. Contudo, também por eles alguém deve cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles! […] Um grande crente de tradição ortodoxa do século passado, Olivier Clément, dizia: ‘Uma civilização na qual já não se reza é uma civilização onde a velhice não tem mais sentido. E isto é aterrorizante!’ Antes de tudo, temos necessidade de idosos que rezem, porque a velhice nos é concedida para isto. A oração dos idosos é bonita!” (Papa Francisco, 11/03/2015)

Sugestões de reflexão para a família
• Leiamos juntos e reflitamos sobre a mensagem do Papa Francisco aos avós e idosos (disponível no site de “A Federação”: www.jornalafederacao.com.br )
• Como família, pensemos nos idosos aos quais poderíamos dar a mensagem do Papa Francisco.

Sugestões de reflexão dentro da comunidade
• Convidemos também os avós e os idosos da nossa comunidade para envolvê-los na preparação e condução deste encontro de preparação ao Encontro Mundial das Famílias.
• Como comunidade, o que fazemos para envolver os avós e idosos? O que mais podemos fazer?
• Organizemo-nos, incluindo também os jovens, para levar pessoalmente a mensagem do Papa Francisco às pessoas idosas da nossa comunidade.

Vídeo 6: “Herdando uma paixão”
Este vídeo nos faz entrar na vida de uma família unida, na qual os avós desempenham um papel importante.