O padre santo de Itu
Ao estudar a vida e a obra do padre Bartolomeu Taddei (1837 – 1913), tema ao qual retorno sempre, não posso deixar de compartilhar com o nosso tempo a impressão de assombro a respeito da sua obra ao longo da vida: sacerdote, missionário, pároco, diretor nacional de uma obra que ninguém conhecia e à qual ele juntou milhões de pessoas, pioneiro da imprensa em tempos difíceis de combate ideológico e político, organizador de congresso nacional católico reunindo as forças vivas do país. Ele comeu muita poeira pelas estradas mal conservadas do país para abrir seu coração aos brasileiros, para falar do grande Coração.
Taddei era italiano, entrou para a Companhia de Jesus depois de padre e pediu aos superiores para vir ao Brasil a fim de propagar a devoção a Jesus do Amor e da Misericórdia. Já morando em Itu veio a conhecer o Apostolado da Oração, uma obra de piedade fundada por um seu irmão de batina, na França. Percebeu que o movimento seria a salvação religiosa a um Brasil de povo essencialmente católico, mas preguiçoso e festivo somente. Morou em nossa terra por quarenta e oito anos, transformando a igreja do Bom Jesus em um dos mais conhecidos templos católicos do país, pois era o centro nacional da devoção ao sagrado Coração de Jesus e do Apostolado.
O padre Taddei se tornou uma celebridade, nome citado nos diversos círculos religiosos ou não do Brasil, porque era um agregador, um homem de impressionante capacidade de arrebatar pessoas pelo discurso fácil e cativante. Conta-se que em um navio, no meio de um grupo de pessoas espantadas pela pequena estatura daquele sacerdote, uma pessoa disse: “mas este é o padre Taddei?” Inspirado pelo Espírito Santo ele foi uma das mais importantes ferramentas de Deus na renovação do Catolicismo no país.
Um depoimento sobre ele, porém, muito chama a atenção, relato sobre gente que não fez parte das elites econômicas, sociais, políticas ou culturais às quais Taddei era muito ligado pela sua função de diretor nacional do Apostolado da Oração. Em uma das missões que pregou, em Laranjal Paulista, ao se despedir de um grupo de sitiantes, ajoelhados para a bênção, aqueles homens, dessa feita, novamente ligados à fé católica, diziam ao padre Taddei: “adeus padre santo de Itu!” Não podemos afirmar o quanto esse apelido tenha tocado ou incomodado o padre Bartolomeu. Mas hoje, quando vivemos um tempo de valorização do saber popular, época em que a Igreja volta seus olhos aos mais humildes, temos que reconhecer que a alcunha de “santo” dita pela boca de homens sem instrução teológica, mas de grande sentimento religioso supera as análises minuciosas sobre a vida e a obra do padre Taddei, que um dia venham a colocá-lo nos altares. Ao reconhecer a sua presença extraordinária, aqueles netos de monçoeiros de nossa região, movidos pela sensibilidade que o Espírito confere, enxergaram a grandeza do pequeno homem, que fez de Itu sua terra abençoada.
Rogai por nós!