Em romaria à casa da mãe
“Levanta-te…! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1Rs 19,7).
Prezados leitores e leitoras:
Na narrativa dos Evangelhos uma das caraterísticas de Jesus, nitidamente perceptível, é o seu estar sempre “a caminho”. Ele nasce como peregrino, como recém-nascido tem de viajar para se refugiar num país estrangeiro, adolescente vai até Jerusalém e, durante a sua vida pública, desloca-se sempre de aldeia em aldeia.
Por sua vez, a sua mãe assemelha-se a Ele também nisto. A imagem de Maria a caminho emerge com nitidez nos Evangelhos e foi sempre rica de reflexão na tradição da Igreja. Suas viagens entre Nazaré, Belém, Egito, Ain Karim (onde morava sua parenta, Isabel, a quem Maria visitou), e Jerusalém foram acompanhadas de um dinamismo interior muito intenso.
Toda a sua vida, portanto, é um caminho, uma “peregrinação da fé” (cf. a Constituição Dogmática Lumen Gentium [LG] sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, n. 58). Deste modo, Maria é “a imagem e o início da Igreja que deverá ser consumada no futuro, assim também brilha aqui na terra, como sinal de esperança segura e de conforto para o povo de Deus, que peregrina até chegar o dia do Senhor (2Pd 3,10)” (LG, n. 68). Em outras palavras a Mãe que iniciou Jesus no seu caminho terreno, acompanha agora a Igreja no seu peregrinar na história rumo à eternidade.
Como sabemos, estão muito presentes em nossa vida de cristãos, também como um grande testemunho de nossa fé, as peregrinações que fazemos a lugares sagrados. São peregrinações que fortalecem nossa espiritualidade e nos renovam na esperança. Como peregrinos, somos convidados a testemunhar que Cristo e sua Mãe caminham conosco: “A história da Igreja é o diário vivo duma peregrinação sem cessar. (…) A peregrinação sempre constituiu um momento significativo na vida dos fiéis, revestindo expressões culturais diferentes nas várias épocas. Ela lembra o caminho pessoal do crente seguindo as pegadas do Redentor: é exercício de ascese ativa, de arrependimento pelas faltas humanas, de vigilância constante sobre a própria fragilidade, de preparação interior para a conversão do coração. Através da vigilância, do jejum, da oração, o peregrino avança pela estrada da perfeição cristã, esforçando-se por chegar, com a ajuda da graça de Deus, ‘ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo’ (Ef 4,13)” (São João Paulo II, Incarnationis Mysterium, Bula de Proclamação do Grande Jubileu do Ano 2000 – 29/11/1998, n.7).
Uma romaria não é um evento isolado ou paralelo, em relação aos grandes temas e preocupações da ação evangelizadora da Igreja. Na verdade, constitui um evento muito favorável para conscientizar os fiéis e colocá-los em comunhão com a Igreja. Cada romeiro e romeira tem as suas motivações particulares. Mas a romaria ganha um significado todo especial, quando se coloca em comum uma só e mesma motivação para todas as pessoas que caminham juntas, uma ao lado da outra. Nos passos da vida convivemos com muitas pessoas. Às vezes não sabemos quem são. Às vezes são pessoas santas, que podem nos ajudar a santificar-nos também. Podem ser pessoas que precisam de nosso apoio, compreensão, ajuda, atenção, misericórdia, perdão e solidariedade. Muitas vezes pensamos que vamos ajudar os outros e, de repente, somos mais ajudados do que ajudamos. E este é o grande espírito de uma romaria.
Exorto, assim, a todos os diocesanos e diocesanas para que, no próximo dia 11 de junho, possamos, em comunhão e com o coração agradecido, peregrinarmos até a casa de nossa Mãe, o Santuário Nacional de Aparecida. Nessa ocasião, quero, junto com meus irmãos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas e cristãos leigos e leigas deixar aos pés da Virgem, como sinal de consagração e de pedido de intercessão para o bom êxito de sua aplicação para os próximos dois anos (2022-2023) o novo Plano Diocesano da Ação Evangelizadora, fruto da 8ª Assembleia Diocesana, realizada em novembro último (26 a 28 de novembro). Na frente da imagem da Nossa Mãe querida, oremos com muita fé e esperança pela nossa querida e amada Igreja de Jundiaí, para que ela se torne, de fato, uma casa acolhedora e samaritana, uma Igreja sinodal da comunhão, da participação e da missão, alicerçada sobre os quatro pilares da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão.
E não nos esqueçamos de levar também conosco as intenções e os sofrimentos dos doentes e idosos, dos pobres e esquecidos da sociedade, das vítimas da violência, dos presos e de tantos que gostariam de ir e não podem em romaria e prece.
Peregrinemos, pois, juntos à Casa da nossa Mãe no próximo dia 11 de junho!
E a todos abençoo.
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano