A 27 de março de 1943 chegava ao Bom Jesus o padre Emile Faurè. Era um período difícil de excessivo trabalho apostólico, graças aos numerosos movimentos religiosos: congregados marianos, cruzada eucarística e Apostolado da Oração. Os jesuítas eram quatro, mas envelhecidos e adoentados. Em 1945 foi preciso abandonar a capelania das Irmãs de São José, exercida desde 1929 e o último capelão foi justamente o padre Faurè, dotado de facilidade de confessar as religiosas francesas na língua mãe. As forças vivas da Companhia estavam trabalhando em outras atividades, colégios, casas de formação e missões. Com a saída das oficinas da revista Mensageiro do Coração de Jesus, a casa de Itu perdeu a representatividade de outros tempos, mesmo continuando centro nacional do Apostolado da Oração.

O padre Faurè trabalhou por quatro anos em Itu. Além de atender a comunidade, colaborava com o pároco, celebrava no Patrocínio e no Conventinho de Nossa Senhora das Mercês. Aos domingos depois da missa, subia em um caminhão com algumas zeladoras e iam visitar as casas da zona rural, promovendo a consagração das famílias ao Sagrado Coração de Jesus. Era um homem experimentado nas missões populares, por isso foi, ao sair de Itu, foi destinado novamente a viver no Mato Grosso, na região de Diamantino, aonde os jesuítas havia alguns anos já trabalhavam. Partiu em 9 de março de 1948. É verdade que retornou mais um ano a Itu, em janeiro de 1953, mas não era o mesmo homem, desde que se agravara o problema cardíaco decorrente da malária contraída em Anchieta (ES).

Emile Faurè nasceu em Salles, departamento de La Drôme, diocese de Valença na França a 29 de janeiro de 1884, filho de Victor e Marcelina Guérin Faure. Depois de estudar na escola apostólica dos jesuítas em Valença, mostrou interesse de ingressar na Ordem dos Jesuítas no Brasil, o que fez em 24 de outubro de 1902 em Campanha (MG).

Depois dos estudos de espiritualidade, Emile Faurè se dedicou à retórica e à língua portuguesa. Depois foi a Roma para a Filosofia na Universidade Gregoriana. Voltando ao Brasil, chegou a Itu em 1911, para um estágio de três anos de magistério na Escola Apostólica anexa ao Colégio São Luís. Ainda esteve aqui mais um ano lecionando francês aos alunos mais velhos.

A teologia fez em Dublin, na Irlanda e foi ordenado em Roma a 30 de março de 1918. Toda a sua atuação religiosa foi no Brasil. Trabalhou como professor em São Paulo e Nova Friburgo, porém destacou-se mais nas missões populares. Foi a Anchieta (ES), em 1925 iniciar a comunidade junto à igreja em que vivera e morrera o primeiro grande missionário jesuíta do Brasil, São José de Anchieta. Ainda havia indígenas por lá. Depois viveu no Mato Grosso por dois anos antes de vir a Itu.

Padre Emilè Faure morreu a 10 de maio de 1957 no Rio de Janeiro após uma crise cardíaca.