Certamente os interessados na história de Itu já estudaram os títulos publicados pelo Prof. Roberto Machado Carvalho, falecido no último dia 17 de abril em São Paulo. A sua produção biográfica sobre a Madre Maria Theodora e Padre Bento Dias Pacheco abriu novas perspectivas e linguagens na divulgação das trajetórias dessas personalidades, cuja vida e obra eram conhecidas nas décadas de 1930 e 1940, mas precisavam atualizar-se.

Também é fundamental o seu estudo sobre a Escola Estadual Regente Feijó, publicado em 1932, primeira escola pública secundária de Itu. O seu estudo sobre a obra de Francisco Nardy Filho e a minuciosa relação de títulos que publicou é outra contribuição importante à história local.

Dois aspectos, porém gostaria de ressaltar na atuação do Prof. Roberto, o primeiro deles, o de professor-pesquisador, ou seja, formado em História e Geografia pela Universidade de São Paulo, não deixou de pesquisar e publicar a respeito de temas de seu interesse, caminhando além do tema de mestrado, orientado por Sérgio Buarque de Holanda. O professor-pesquisador é um ideal à carreira de quem vai para a sala de aula, afinal não para de estudar, publica seus trabalhos e está sempre buscando novos conhecimentos; leva para o contexto das suas lições outros aspectos além do material didático.

Outra característica importante na atividade do Prof. Carvalho são os estudos sobre Itu. Por décadas ele escreveu para os jornais locais, sobretudo A Federação e o Tribuna Ituana, publicado muitos anos pela SACI (Sociedade Amigos da Cidade de Itu), tratando de temas da memória local. Envolvido com instituições como institutos históricos, academias de letras e associações de amigos em São Paulo e outros estados da União, não deixou de se debruçar sobre a trajetória ituana, a sua gente e instituições e sempre preocupado também com o futuro do município.

O confrade Roberto nasceu em Itu a 18 de fevereiro de 1932. Aluno das escolas públicas locais, posteriormente radicou-se em São Paulo, onde se casou com a sra. Octacília Naghirniac, com quem teve duas filhas, Silvia e Sônia.

Em Itu ele lecionou na Escola Estadual Regente Feijó e na Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio. Muito atuante na área cultural, foi responsável pela idealização do Museu e Arquivo Histórico Municipal de Itu, em 1989; escreveu os estatutos e orientou os primeiros passos do INEVAT – Instituto de Estudos Vale do Tietê do qual foi presidente, anos depois. Foi também quem rascunhou o modelo dos estatutos da Academia Ituana de Letras, na qual ocupava a Cadeira 24, patrono Dr. Antonio de Almeida Prado. Inclusive foi ele a fazer o primeiro Elogio ao Patrono na primeira sessão solene da ACADIL, a 17 de abril de 1993.

Nos últimos anos, o prof. Carvalho morava entre Itu e São Paulo; frequentava a igreja, reuniões culturais, entusiasmado com o que se relaciona à cultura ituana. Em 2012 reuniu e publicou seus principais artigos sobre a cidade.

Que sua obra e atuação não caiam no esquecimento servindo de exemplo aos jovens educadores.