Tão logo assumiu o reitorado do Colégio São Luís, em 1912, o padre Giuseppe Materni pôde contar com a preciosa colaboração de um mestre espanhol que vinha lecionar aos alunos internos de Itu. Manoel Crespo, em meio a antigos e experimentados mestres, revelava-se competente colaborador de tal forma que o reitor deixava as rédeas do colégio, com mais de quinhentos alunos, em suas mãos. Era o tempo do governo federal de Afonso Pena e Nilo Peçanha, quando o senador Pinheiro Machado pontificava na política nacional… Crespo era chamado o “Pinheiro Machado do Colégio São Luís”. A foto que ilustra a matéria é da fachada do educandário em 1917.

Poucos anos passou em Itu o jovem Crespo, mas deixou a marca de sua capacidade de colaboração, de tal forma que, depois dos seus estudos, tornou-se reitor do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo. Em 4 de fevereiro de 1927 o Vice-Provincial dos jesuítas da região Brasil Central, Pe. Jean Baptiste Du Dreneuf, o chamou para seu colaborador pessoal, intitulado Sócio do Provincial, responsável pela correspondência entre os jesuítas da região administrativa que incluía os atuais estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás.

Continuou Crespo, na mesma vereda junto ao novo Vice-Provincial, padre Marcello Renaud. Nesse posto ele desenvolveu um periódico trimestral interno para circular entre as casas da Companhia e informar os jesuítas das atividades de cada residência, chamado “Notícias de Província”, cuja coleção tem sido importante fonte de pesquisa para esta coluna semanal no jornal A Federação.

Em 1945, Crespo foi feito professor no Colégio Loyola, em Belo Horizonte, onde passou os últimos dezessete anos de vida, dedicados ao ensino de inglês, à espiritualidade dos alunos, a colher informações sobre os jesuítas e encaminhá-las a Roma e a escrever o periódico que ele desenvolveu e só cresceu ao longo do tempo.

Jesus Gallegos Crespo nasceu em Mancha, lendária “tierra de Don Quixote”, na Espanha, a 1º de junho de 1883. Entrou para a Escola Apostólica de Bordéus, na França e de lá aceitou o ingresso na Companhia de Jesus na Missão Romana no Brasil e um novo nome – Manoel. Chegou a Campanha (MG) em 9 de outubro de 1902. Os jesuítas mantinham tímida mas competente escola de letras e retórica junto ao noviciado, justamente onde Manoel Crespo fez a sua primeira formação. Depois foi a Roma estudar Filosofia na prestigiosa Universidade Gregoriana, entre 1907 e 1909.

Após deixar Itu, em 1915 foi a Asaph, na Inglaterra para a Teologia Dogmática no Colégio S. Beuno. Terminada a formação, foi ordenado padre em 31 de julho de 1917. Reviu a espiritualidade em Manresa, na Espanha, onde santo Inácio estivera em sua caminhada interior.

Após uma vida de extrema dedicação aos trabalhos apostólicos da Companhia de Jesus, o padre Manoel Crespo faleceu em Belo Horizonte a 29 de agosto de 1962.