A 30 de janeiro de 1920 chegava à igreja do Bom Jesus o padre Giuseppe Materni trazido de São Paulo pelo superior da residência, padre Manoel Gabínio de Carvalho. Ele já estivera em Itu desde 1910 como diretor da Escola Apostólica dos jesuítas. Depois foi feito reitor do Colégio São Luís, um dos mais importantes cargos da Companhia, em 3 de novembro de 1912. Em 1916 foi para Nova Friburgo cuidar da direção espiritual dos alunos. De volta a Itu assumiu o ofício de ministro, dada sua aptidão para a administração.

O período de Materni em Itu foi de grandes coisas para a igreja do Bom Jesus. Entre idas e vinda, nos três anos seguintes ele foi inclusive superior da comunidade, em 1922 e responsabilizou-se pela reforma do Salão Padre Taddei, inaugurado em junho de 1923, quando se completavam dez anos da morte do padre santo de Itu. É que a sra. Maria Cândida Jordão Malheiros, tendo falecido, doou aos jesuítas o prédio para ser usado ao catecismo das crianças. Toda a obra de adaptação foi feita pelo padre Materni. Ele também se incumbiu do sermão da solenidade do Sagrado Coração de Jesus, quando os restos mortais do padre Taddei foram finalmente inumados no Santuário do Apostolado da Oração.

Materni nasceu em Ronco Ascona, Suíça italiana a 23 de junho de 1863, filho de Gaspar Materni e Maria Lorini. Aos 24 anos ingressou na Companhia de Jesus (12 de setembro de 1887). O seu noviciado foi feito na Croácia. Terminado curso de retórica ele foi lecionar física em colégio da Albânia. Cursou a teologia em Gorizia. Terminada a formação e tendo sido ordenado padre em 1900, ainda lecionou em Pádua e Brescia até vir ao Brasil.

Em Itu foi também administrador da revista Mensageiro do Coração de Jesus.
Depois de um tempo vivendo em São Paulo o padre Materni voltou a Itu a 2 de maio de 1927 para ser o superior da comunidade, quando o Bom Jesus regurgitava de crianças estudando o catecismo, na Cruzada Eucarística e os jovens nas Congregações Marianas. Uma pequena escola apostólica ele organizou com o Irmão Olavo Pereira para que alguns jovens estivessem aptos a seguir a vocação religiosa na Companhia de Jesus. Nesse tempo, Materni encaminhou de Itu para Nova Friburgo, por exemplo, os meninos Luiz D’Elboux e José Novelli que tanto serviram a comunidade ituana nas décadas de 1970 e 80 como sacerdotes.

Em 1930 o padre Materni foi à Missão de Diamantino, no Mato Grosso que estava sendo aberta pelos jesuítas. Por dez anos trabalhou como vigário em comunidades indígenas e camponesas, algumas que não conheciam o Cristianismo. Voltou ao Colégio Anchieta em 1942 e de lá para São Paulo onde viveu os últimos anos. Era homem de pouco sorriso, diziam os antigos, um tanto severo, mas grande e notável espiritualidade. Faleceu no Colégio São Luís a 20 de abril de 1947.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”