Um coração aberto para nós
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Parece estranho iniciar qualquer fala sobre o Sagrado Coração voltando à lembrança da crucifixão de Jesus. Mas, de fato, não o é. Jamais devemos nos esquecer de que nós pregamos o Cristo crucificado. Nunca podemos deixar a lembrança de que foi por causa da cruz que Cristo foi glorificado. Devemos sempre recordar que o Sagrado Coração de Jesus foi aberto, de uma vez por todas, quando perfurado pela lança dos nossos tremendos pecados.
No Calvário, quando Jesus deu seu último suspiro, os ladrões que o ladeavam tiveram os ossos das pernas quebrados para que morressem mais rápido. Vendo que Jesus já estava morto os soldados, sem o saber, cumpriram primeiro uma profecia: a de que nenhum osso seria quebrado no Cordeiro de Deus imolado. Então um dos soldados, que a Tradição da Igreja reconhece pelo nome de Longhino, fincou sua lança no lado de Jesus e do seu Coração imediatamente saiu sangue e água.

O Servo Sofredor, que derramou quase todo o seu preciosíssimo sangue desde que fora preso e torturado, teve a providência de guardar ainda algumas gotas para derramar após sua morte. Jorrou o sangue, símbolo da Redenção e da Eucaristia. Jorrou a água, símbolo do perdão e do Batismo. A água esteve no início da vida pública de Jesus, quando se deixou batizar por João Batista. O sangue estava no fim de sua vida pública, quando se ofereceu em sacrifício por nossos pecados. Por suas chagas, fomos curados.

Embora não tivesse as pernas quebradas, o corpo inerte de Cristo sofreu com aquela lança a última profanação. Porém, foi através dessa mesma lança do soldado Longhino que foi aberto definitivamente o Sagrado Coração de Jesus para todos os que dele se aproximassem. No dilúvio, Noé abriu uma porta lateral na arca para que os animais entrassem e escapassem da enchente. No Calvário, uma nova porta se abria no próprio Coração de Deus, no qual os seres humanos poderiam entrar para se abrigar da enchente de águas sujas do pecado.

Quando Adão dormiu, do seu lado foi tirada Eva, sua mulher e companheira, a mãe dos viventes. Do lado do novo Adão, dormindo provisoriamente na morte da cruz, foi tirada a Igreja, sua esposa. Desse Coração aberto, cumpriram-se as palavras: “Eu sou a porta. Se alguém passar por mim, será salvo”. Aos pés da cruz de Cristo estava a nova Eva, a Santíssima Virgem Maria, testemunhando todo esse mistério.

Toda e qualquer devoção deve levar os católicos para mais perto de Cristo através da prática piedosa da fé, da observância aos mandamentos, da freqüência aos sacramentos, etc. As tantas devoções que temos pelos santos e santas são riquíssimas. A devoção que temos à Virgem Maria é inestimável. Mas a devoção ao Sagrado Coração de Jesus deve ser insuperável, maior e mais importante.

Como não ser devoto de um Deus Encarnado que morre em nosso lugar e nos abre totalmente o seu Coração ferido? Como não se comover, e digo mais, como não se converter, diante de mistério tão singelo? Como não chorar os próprios pecados diante de Jesus que rasga e escancara o seu Sagrado Coração e nos convida a entrar, nós que não merecemos nada disso?

É necessário recordar sempre a enorme responsabilidade de todos os membros do Apostolado da Oração, sejam zeladores ou associados. Não se trata apenas de colocar a fita vermelha em alguém: trata-se de colocar Jesus definitivamente na vida de alguém. Não se trata apenas de ler um manual: trata-se de transformar páginas em vida e frases em caridade. Não se trata apenas de receber um belo certificado: trata-se de carimbar e marcar a própria vida com o selo do testemunho pessoal que inspira outros a se aproximar de Cristo.

É urgente apresentar o Sagrado Coração de Jesus ao mundo, pois estamos num mundo sem coração. A modernidade tirou a alma da humanidade. A maioria dos homens e mulheres vive como zumbis, consumidores insanos da lavagem do pecado. É grande o número dos desalmados. A Missão de todos os devotos do Sagrado Coração de Jesus é levar o Coração de Jesus ao mundo. Sem inércia. Sem comodismo. É preciso que o Apostolado da Oração atinja, rapidamente, as crianças e os jovens, os casais e os vocacionados à vida religiosa.

Amém!