Uma vez mais
por Celso Tomba
Uma vez mais, iniciamos a Quaresma, tempo de reflexão e preparação para a Páscoa, com a tríplice preocupação com a oração, o jejum e a esmola. Uma vez mais, temos a oportunidade de nos reaproximarmos de Deus, de retornar à casa do Pai, também por meio dos Sacramentos da Penitência e da Eucaristia, para podermos vivenciar de maneira mais autêntica o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Uma vez mais, a Igreja no Brasil nos propõe uma Campanha da Fraternidade para que possamos escutar o que acontece em nossa realidade, discernir de acordo com a Palavra de Deus e agir pela caridade, para mudar essa mesma realidade e torna-la um pouco melhor para todos.
Uma vez mais, o tema da Campanha da Fraternidade é a Educação.
Em 1982, o lema foi “A verdade vos libertará” e tinha como objetivo “criar condições para a prática de uma educação libertadora, a serviço da construção de uma sociedade fraterna”.
Já em 1998, o lema da CF foi “A serviço da vida e da esperança”, propondo-se a “colaborar com as pessoas na sua busca de realização; favorecer a criação e o fortalecimento de comunidades onde todos participem e se apoiem fraternalmente; estimular o exercício da cidadania, em favor de uma sociedade justa e solidária; promover ações para a erradicação do analfabetismo em sentido amplo.”
Agora, em 2022, a Igreja no Brasil escolheu, uma vez mais, o tema “Fraternidade e Educação”, com o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), propondo-se o objetivo de “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário”.
Uma vez mais, ao olhar para a realidade que temos na Educação, a CF 2022 aponta uma série de problemas – em grande parte já conhecidos de todos nós – e destaca: a educação no Brasil ainda não é universal e de qualidade; os professores e gestores educacionais não são devidamente valorizados; as famílias estão desconectadas da escola no processo formativo.
Uma vez mais, os mesmos problemas. Talvez com outras palavras, mas as mesmas dificuldades apontadas há 23 e 40 anos atrás. E presentes em nossa realidade há muito mais tempo!
Então, por que “uma vez mais”?
Porque precisamos. Não só de uma, mas muitas vezes mais…
Precisamos ser lembrados, a cada ano, da entrega total de Jesus ao seu plano de amor por nós, que lhe custou muita dor e sofrimento, e a própria vida. Precisamos de um momento para revermos nossos sentimentos, nossas atitudes, nossa relação com Deus e com nossos irmãos. Precisamos, uma vez mais, refletir o que podemos fazer para que a vida de tantos irmãos que sofrem, por tantos motivos, se torne mais amena, menos sofrida, para que ele também tenha oportunidade de viver uma vida plena em Deus.
Precisamos, uma vez mais, ouvir Jesus, o Divino Mestre, que educa pelas palavras e atitudes, mas também pelo silêncio e pelos gestos. Segue a pedagogia da escuta, da sabedoria, do amor.
Precisamos, uma vez mais.