Democracia e nazismo: sentido histórico
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por Olga Sodré

Uso atual destes termos para justificações políticas

Democracia não se reduz à eleição dos governantes pela maioria. Sua defesa não se esgota na crítica à barbárie nazista e suas novas roupagens. Ela se contrapõe ao autoritarismo, eliminação da participação política, destruição das instituições, governos ilegítimos, uso do poder e da propaganda para dominação das massas e aprofundamento das injustiças sociais.
Tendo surgido na Grécia Antiga (século VI A.C.) em reação contra a tirania, a democracia é construída na prática da cidadania, na vida comunitária e reconhecimento dos direitos e deveres dos cidadãos e nações. Desde sua origem, expoentes da democracia vêm combatendo a tirania e suas vertentes modernas (nazismo, fascismo e ditaduras) por ameaçarem a convivência social e a paz mundial. No Brasil, seu fortalecimento se fundamenta na Constituição de 1988.
A democracia não é abstrata. Implica a superação das tendências individualistas e autoritárias, imposição dos próprios interesses e direitos sem levar em conta os deveres, a realização de si com o outro, o diálogo e o bem comum. A prática democrática é minada pela busca incessante de satisfação pessoal, acumulação das riquezas, concentração do poder, falta de respeito às leis e ao próximo, degradação da vida social e política.
Nos dias atuais, a tirania pode ser observada nos comportamentos de governantes que usam o poder para impor interesses pessoais, de um grupo ou nação sobre os outros. Tais distorções desembocaram nas doutrinas do nazismo (Alemanha) e do fascismo (Itália), que conduziram à guerra mundial. Derrotados por uma coalizão internacional, assistimos agora ao retorno da apologia ao nazismo, de governos e ações autoritárias semelhantes.
Adolf Hitler é um exemplo de líder tirano populista ao qual às massas se identificam com base no mito do ‘salvador da pátria’. O estudo de seu governo dominador, de sua ascensão, tomada do poder e maneira de utilizá-lo têm muito a nos ensinar atualmente para evitar sua reprodução histórica. Após perder as eleições presidenciais em 1932, Hitler desencadeou uma série de golpes políticos que lhe deram o controle absoluto do país. Em seu governo, houve perseguições à oposição política, usos ilegítimos do poder, atentados às vidas humanas e violações dos direitos individuais e coletivos da sociedade.
Um sinal da tirania moderna aparece quando um governante utiliza seu poderio para impor interesses particulares acima do bem-estar do povo ou contra outras nações. Tal tirano é impiedoso, prepotente e contesta o sistema de direitos e deveres que são a base do sistema democrático nacional e internacional. Indicadores do nazismo são: ultranacionalismo, desprezo pelo diálogo e eleições, domínio cego das elites, subordinação dos interesses populares à sua hegemonia e militarismo da política.
O nazismo vê na ação militar a solução para os problemas econômicos e sociais do país e uma garantia de proteção e ordem social. Seu caminho para a tomada do poder é baseado na organização de grupos militares, milícias e utilização da máquina de propaganda. Suas vertentes atuais constituem um perigo para democracia e civilização, mas também uma ameaça de multiplicação de crimes hediondos contra a humanidade pela extinção de pessoas e povos.