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por Diác. Ézio Ribeiro
Par. Senhor do Horto e São Lázaro

Iniciamos o tempo da Quaresma, tempo em que o Senhor nos chama à conversão, à mudança de atitudes, a nos prepararmos para a Santa Páscoa. È o Espírito Santo que nos conduzirá nesse caminho. O Evangelho desta semana apresenta uma catequese, cujo objetivo é ensinar que Jesus, como nós, foi tentado. Ele também sentiu a tentação de afastar de Deus e de seguir um caminho humano de êxitos, de aplausos, de poder e de riqueza; no entanto, Ele soube dizer não a todas essas propostas que o afastavam do plano do Pai.
O relato constrói-se em torno de um diálogo em que tanto o diabo como Jesus citam a Escritura em apoio à sua opinião.Na primeira “parábola”, vemos que Jesus poderia ter optado por um caminho de facilidade e de riqueza, utilizando a sua divindade para resolver qualquer necessidade material… No entanto, Jesus sabia que “nem só de pão vive o homem” e que o caminho do Pai não passa por acumular riquezas.
Na segunda “parábola” vemos que Jesus poderia ter escolhido um caminho de poder, de domínio, de prepotência, ao jeito dos grandes da terra. No entanto, Jesus sabe que esses esquemas são diabólicos e que não estão nos planos do Pai; e Jesus respondeu: “ A escritura diz: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás”. Adorar o poder que corrompe e escraviza não tem nada a ver com o projeto de Deus.
Na terceira “parábola” vemos que Jesus poderia ter construído um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espetaculares e sendo admirado e aclamado pelas multidões (dispostas a deixarem-se fascinar pelo “show”). Mas, Jesus responde: “A Escritura diz: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Aqui, “tentar” significa “não utilizar os dons de Deus ou a bondade de Deus com um fim egoísta e interesseiro”.
Apresentam-se, portanto, diante de Jesus, dois caminhos. De um lado, está a proposta do diabo: para que Jesus realize o seu papel na história da salvação como um Messias triunfante, do jeito dos homens. Do outro, está a escolha de Jesus: um caminho de obediência ao Pai e de serviço aos homens, afastando qualquer concepção do messianismo como poder.
Dentro de nós também existe o impulso de dominar, de ter autoridade, de prevalecer sobre os outros. Podemos, também, ceder à tentação de usar os dons de Deus para brilhar, para dar espetáculo, para levar os outros a nod admirar e a nos bater palmas. Devemos nós também ao adentrarmos no deserto, saber que a palavra de Deus é a única “bússola” confiável. Somente a Palavra de Deus e a condução do Espírito Santo poderão nos levar à terra prometida da Páscoa do Senhor. O deserto é árido, o diabo é ardiloso, mais tenhamos confiança, pois a Escritura diz: “Todo aquele que acredita nele não será confundido” (Rm 10,11).