Quaresma e o compromisso de conversão
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Estamos às portas da Quaresma. Para nós cristãos católicos um período muito significativo para nosso itinerário de vida cristã no qual somos convidados a um caminho de conversão e reflexão sobre como estamos vivendo o Reino de Deus nos ambientes em que estamos inseridos. O Tempo da Quaresma é o ponto alto da nossa vida que culmina com nossa conversão e reconciliação com Deus e os irmãos.

Nesse período a Liturgia da Igreja nos leva para uma interiorização , para renunciar ao “eu pessoal”, o qual engloba o egoísmo, a arrogância, a vaidade, o apego aos bens materiais e ao poder. Nos leva a refletir o quanto somos omissos aos necessitados que estão em nossa volta. Muitas vezes somos surdos que ouvem e cegos que veem e nos omitimos ao invés de nos colocarmos ao serviço da caridade, fraternidade e justiça. Preferimos ficar com nossas convicções ao nos lançarmos para o novo.

Estamos ouvindo de forma muito veemente a expressão: “novo normal”. A construção de uma sociedade dentro desse conceito do “novo normal”, consiste em uma série de conceitos que estão tirando a dignidade humana e secularizando a vida. Tudo que é sagrado está se tornando relativo e a divindade de Jesus passa a ser algo mecanizado, sem a essência dos milagres. Isso tudo porquê as convicções humanas e etnocentrismo estão falando cada vez mais alto na mente do homem. O triunfo da vontade humana se torna mais forte que a presença de Deus entre os homens.

Vivemos não só a era das comunicações, mas a era da velocidade da informação. O novo de agora se torna obsoleto dentro de poucas horas. São muitas crises devido à falta de diálogo cristão e em nome da modernidade e perfeição. O homem, criado a imagem e semelhança de Deus, é reduzido a mero negócio, pois o sagrado é ignorado e o que vale é o “eu”, a “minha vontade”, não existe mais consideração ao próximo e sim o poder.

A Quaresma é sem dúvida o tempo propício e favorável para o “Kairós”, uma linda expressão de São Paulo Apóstolo (cf. 2Cor 6,1-2), para a conversão fraterna. São João Paulo II criou uma belíssima expressão que se tornou atualíssima em qualquer tempo que for pronunciada. Dizia São João Paulo II sobre a “globalização da solidariedade”, um processo denso de santidade e conversão. Aproveitando o Tempo da Quaresma que nos propõem como práticas o jejum, a esmola e oração, nos esforcemos para que possamos transformarmo-nos e assim, sermos fermento do Evangelho nos ambientes em que estamos inseridos.

Nessa dimensão, peçamos ao Espírito Santo que no decorrer deste período possamos nos converter das nossas deficiências e fraquezas como cristãos, buscando ser pessoas comprometidas com o Evangelho e com o ideal de vida cristã, construindo e edificando ao nosso redor o Reino de Deus, vivendo as Bem-aventuranças.

Uma Santa Quaresma a todos nós!