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por Diác. Francisco Carlos
Paróquia Nossa Senhora da Candelária

“Porém, Jesus passando pelo meio deles, prosseguiu seu caminho”

Evangelho (Lc 4,21-30)

Neste domingo, continuamos a celebrar o mistério da manifestação de Jesus como Salvador de todos os filhos e filhas dispersos pelo mundo. O santo Evangelho repete o versículo final ouvido no domingo passado (3º domingo), narrando o acontecimento da sinagoga de Nazaré dá continuidade a esse tema.
Depois que leu o trecho de Isaías 61, Jesus diz: “ Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Quem o ouvia se espantava com a graça que saia de sua boca e perguntavam: “Não é o filho de José?”
Jesus tem consciência dos comentários e se lembra do proverbio: “Medico, cura-te a ti mesmo”. Ele repete as provocações do povo de sua terra e reconhece que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria e lembra fatos da vida dos profetas Elias e Eliseu.
As palavras de Jesus deixaram enfurecidos quem o ouvia; eles se levantaram, expulsaram Jesus e queriam jogá-lo do alto da colina. Mas Jesus passa no meio deles e prossegue o seu caminho.
O povo tem atitudes contraditórias neste acontecimento: ficam com os olhos fixos em Jesus, profundamente atentos enquanto ele proclama a profecia de Isaias. Testemunham e se espantam com as palavras cheias de graça que ele pronuncia. Reconhecem que ele é “um dos nossos”; conhecido, vizinho, talvez parente e amigo. Por fim se enfurecem contra ele e querem mata-lo. Qual será o motivo de tanta fúria dos conterrâneos e contemporâneos de Jesus? Ele falava palavras de graça, mas era apenas o filho de José. Não pode ser o Messias porque é pobre e está aí no nosso meio. E o rejeitaram.
O povo compara a origem humilde de Jesus e a pretensão do programa de sua vida. O preconceito insinua que a importância e capacidade de uma pessoa são determinadas pela origem, berço familiar, profissão, parentesco, relações e categorias sociais: “O que se pode esperar de um operário de Nazaré?”
Os ouvintes da sinagoga, ao se perguntarem se não é ele o filho de Jose., julgam conhece-lo muito bem. Os conterrâneos de Jesus o viram crescer, mas não perceberam, em profundidade, quem ele era de fato. Era um conhecimento externo, que não necessariamente os levava a se tornarem seus discípulos.
Esse texto associa a missão de Jesus à do profeta Elias, que visitou a viúva de Sarepta, mudando sua situação de fome em abundancia. (E Jesus menciona isso). Jesus diz que HOJE se cumpriu a Palavra. Esse HOJE é o tempo de Deus na história humana. É o momento decisivo da graça que marca o testemunho de vida de Jesus é o convite para que todos, ouvindo o projeto dele possam aceita-lo, continuá-lo, ou rejeitá-lo.
A aceitação ou recusa de Jesus Cristo é aceitação ou recusa vitais, feitas no centro da vida, mudando radicalmente o sentido de nosso ser e nossa prática. É atitude que envolve atos e se expressa em palavras: jeito de ser, viver, celebrar, agir no mundo.
O caminho do ministério profético exige fidelidade à missão confiada por Deus, mesmo diante de incompreensões, rejeição e solidão. A profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus, e não quando conduzimos nossa vida na tranquilidade de manter tudo sob nosso controle. O profeta é alguém se abre às surpresas de Deus.
Unindo-nos a todos os profetas e profetisas de ontem e de hoje, renovamos nossa adesão ao seguimento de Jesus, valorizando nossos carismas, comprometendo-nos com o serviço amoroso aos irmãos, enfrentando com serena coragem as hostilidades e contradições próprias do caminho…