Pe. Amand Adrian Lochu
Compartilhe

O Coro da igreja do Bom Jesus iniciou suas atividades no final do século XIX e teve ininterrupta e intensa vida até 1992. Durante esse tempo um importante patrimônio musical se formou, seja de repertório europeu, trazido por jesuítas da Itália ou de composições feitas aqui mesmo. Em 2014 esse Coro foi renovado e um dos objetivos foi trazer à vida o antigo repertório no qual se encontram cânticos de romaria, próprios para receber os grupos de peregrinos ao Santuário do Apostolado da Oração. Há algumas composições cuja poesia é de autoria do Padre Amand Adrian Lochu, que viveu no Bom Jesus. Um exemplo é: “Sou cristão e de o ser me glorio/ sou cristão, Jesus Cristo é meu rei / Creio em Deus e só Nele confio / Sou cristão e cristão morrerei.” Cânticos vibrantes como este, em forma de profissão de fé, fortaleciam a religião na vida dos romeiros. Além de versos simples assim, Lochu se notabilizou como escritor, com grande domínio da língua portuguesa, que ele conhecia profundamente.
As partituras com cópia do padre Lochu, incorporadas ao acervo do Coro, trazem uma bela e miúda caligrafia e as datas entre 1913 e 1914.
Lochu nasceu em Gorron, departamento de Moyenne, região de Laval na França a 21 de maio de 1876. Aos quinze anos estava na Escola Apostólica de Littelhampton, na Inglaterra, afinal a Companhia de Jesus havia sido expulsa da França. De lá veio compor a primeira turma do Noviciado brasileiro dos Jesuítas, em Campanha (MG), chegando a 23 de outubro de 1894. Além da espiritualidade, Lochu se notabilizou no estudo da língua portuguesa e a literatura clássica.
Seus estudos de Filosofia foram feitos no Colégio São Francisco em Setúbal, Portugal. De lá o jovem Lochu voltou ao Brasil para o magistério nos colégios de Itu e Nova Friburgo. Foi ordenado padre em Roma, após cursar a teologia na Universidade Gregoriana.
A partir de 1909 o padre Lochu trabalhou intensamente no apostolado da imprensa católica. Seu talento para a escrita o fazia ser entendido pelos eruditos e pelos leitores das revistas de cunho religioso popular, como “Raios de Sol” e “Estrela do Mar”, esta das Congregações Marianas. Lochu foi o responsável pela primorosa tradução da Autobiografia de Santa Terezinha do Menino Jesus.
A passagem do padre Lochu pela igreja do Bom Jesus foi de um ano, justamente 1913, quando o padre Bartolomeu Taddei faleceu. Ele era o redator do “Mensageiro do Coração de Jesus”; a revista fora ampliada em tamanho e quantidade de páginas e ganhava nova dinâmica.
A partir de 1915 o padre Amand Adrian Lochu foi viver em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro, sempre ocupado com a imprensa católica. Vinte anos dedicou ainda à revista “Estrela do Mar”.
Vítima de um derrame cerebral, o padre Lochu veio a falecer em Friburgo no dia 17 de agosto de 1935 aos 59 anos.