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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Neemias 8,2-4a.5-6.8-10)
Já se passaram mais de cem anos da volta do povo de Israel do exílio da Babilônia, mas há muita confusão: cada qual se comporta mais ou menos como quer. Esdras (sacerdote e escriba, versado na Lei de Moisés, dada pelo Senhor (Esdras 7,11) é enviado para Jerusalém, procura as causas das desordens e não demora muito para perceber que os males todos se originam na falta de obediência à Lei.
O trecho da leitura de hoje (vers.1-2) narra como foi realizada esta primeira e solene celebração da Palavra, pois contém orientações “úteis também para as nossas celebrações”.
Inicialmente convoca em assembléia sagrada todas as pessoas capazes de entender. Ninguém falta à convocação, ninguém inventa desculpas para permanecer em casa a fim de cuidar dos seus afazeres.
1a. Esdras se preocupa com a perfeita organização do encontro, não negligencia nenhum detalhe. 1b. “Uma igreja na qual os participantes não escutam com clareza as leituras – seja em razão do barulho seja em razão da acústica deficiente – não serve para as celebrações da Palavra”.
2a. Esdras pronuncia a bênção e todos respondem: “Amém! Amém!”. Em seguida se prostram (vers.5-7). 2b. “Os que participam da liturgia da Palavra não estão diante de um livro, mas diante do Senhor que fala”.
3a. A simples leitura não é suficiente. A palavra de Deus é eficaz só na medida em que é entendida; por isso é preciso que seja interpretada e explicada através de uma linguagem simples, compreensível a todos. 3b.“Disso resulta a grande responsabilidade que recai sobre os pregadores da Palavra. Devem estudar as leituras para ter condições de explicá-las adequadamente”.
4a. A homilia de Esdras consegue bons resultados. O povo faz um sério exame de consciência, convence-se de que não foi fiel à Lei de Deus e, derramando lágrimas, manifesta o seu arrependimento. 4b. “Se na nossa comunidade nada muda, se ninguém se sente motivado para a conversão, se nas nossas famílias tudo continua como antes, é sinal de que o anúncio da Palavra está sendo feito de forma deficiente”.

2ª Leitura (1 Coríntios 12,12-30)
No trecho de hoje, Paulo introduz uma comparação muito conhecida na antiguidade: a comunidade é como o corpo do homem; é composta de muitos membros e cada um tem sua respectiva função.
Os membros de uma comunidade devem comportar-se da mesma forma, isto é, o serviço para o bem dos irmãos. Antigamente a comparação do corpo era usada para convencer os súditos e os escravos a continuar submissos e obedientes aos seus senhores.
Paulo a emprega numa ótica completamente diferente; quer que todos os membros da comunidade sejam colocados no mesmo patamar e desfrutem da mesma dignidade. Se pretendem mesmo fazer algumas distinções – ensina ele – então dediquem mais respeito aos mais fracos e dê preferência pelos mais pobres (vers. 22-24).
Perguntemos: há ainda quem pense que o seu ministério lhe confira o direito de sentir-se mais importante do que os outros? Os que exercem o ministério da Palavra estão de fato conscientes de ter uma grave responsabilidade?