Padre Giuseppe Giannella
A 15 de agosto de 1909 chegava a Itu uma romaria de peregrinos do Apostolado da Oração para visitar o Santuário Central, instalado, havia cinco anos, à direita da velha igreja do Bom Jesus. As visitas, que acontecem até o presente, são fruto do movimento especial em torno da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, aqui iniciada pelo padre Bartolomeu Taddei.
Os trezentos e cinquenta romeiros vieram de Salto, no dia de Nossa Senhora da Assunção, uma das grandes festas anuais da Igreja, e foram aguardados na estação da Estrada de Ferro, pelo padre Taddei, diversos membros do Apostolado da Oração e pelo padre Giannella, superior da residência do Bom Jesus e diretor da revista Mensageiro do Coração de Jesus.
A data também celebrava um ano da imposição da preciosa auréola à imagem do Coração de Jesus, que contara com a presença do cardeal Arcoverde e mobilizara milhares de peregrinos a Itu.
Após a missa, celebrada para eles pelo padre Taddei, com mais de duzentas comunhões, o grupo se dirigiu à residência de um dos membros do Apostolado, onde foi servido café. Em seguida o grupo foi visitar a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, dentro do Colégio São Luís e almoçou nas dependências do Convento do Carmo, àquele tempo sob os cuidados dos missionários jesuítas.
Atividades como esta eram frequentes em Itu, coordenadas pelos missionários jesuítas, movimentando a vida espiritual dos devotos. Foi este o ambiente de devoção e vida religiosa que o padre Giuseppe Giannella encontrou em nossa cidade. Ele se tornara superior da comunidade jesuíta havia apenas um mês.
Giannella era natural de Barletta (Apuglia), na Itália, nascido aos 2 de outubro de 1873. Ordenado padre em sua diocese em 1897, logo veio ao Brasil para ingressar no noviciado em Campanha (MG), afinal a Missão Brasileira abrira seu centro de estudos espirituais. Trabalhou no Brasil por mais de trinta anos. Iniciou suas atividades no Colégio São Luís lecionando grego, língua portuguesa e francesa. Voltou à Europa para renovar os estudos de Teologia, passando quatro anos em Roma. Então voltou para Itu.
Havia muitas comunidades de colonos italianos nesta região, daí a frutuosa missão que aguardava homens de fé como o padre Giannella.
Após deixar a igreja do Bom Jesus, este jesuíta circulou por diversas casas da Companhia de Jesus em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro até ser nomeado Superior da Missão Romana dos jesuítas (1922 a 1925), o mais alto cargo administrativo dentre seus pares no Brasil.
Cumprido seu mandato, Giannella se transformou em professor de retórica e humanidades; trabalhou, sobretudo, no Colégio Anchieta por outros nove anos. Então foi transferido à revelia, para Roma, obedecendo a indicação dos superiores.
Os últimos nove anos de vida o padre Giannella passou como diretor espiritual dos alunos do Colégio Pio Brasileiro, querendo sempre voltar à Terra de Santa Cruz. Faleceu em Roma a 8 de janeiro de 1943.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”