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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Jeremias 33,14-16)
Os israelitas, aos quais o profeta dirige suas palavras contidas nesta leitura, voltaram há pouco do exílio da Babilônia e encontraram a cidade de Jerusalém em ruínas. Começa a reconstrução da nação, mas os trabalhos prosseguem a passos lentos. Todos estão tristes e desanimados e se perguntam: Por que fomos golpeados por calamidades tão grandes? Terá Deus nos abandonado para sempre? Terá esquecido as promessas feitas ao nosso pai Abraão, a Isaac, a Jacó, a Davi?
Para este povo desanimado o profeta dirige a sua mensagem de esperança: estão chegando os dias nos quais o Senhor cumprirá todas as promessas de bem que fez ao seu povo (vers.14). Na família de Davi surgirá um rebento santo que estabelecerá a paz e a justiça na terra (vers.15-16) – nós bem o sabemos – é Jesus de Nazaré.
Em nossos dias passamos também por situações semelhantes. No mundo inteiro, na nossa nação, na nossa cidade constatamos injustiças, situações intoleráveis. Diante de nossos olhos encontram-se famílias destruídas, jovens desiludidos por causa de experiências mal sucedidas ou até mesmo dramáticas. Na nossa própria vida pessoal somos forçados a aceitar fracassos, desencantos, fraquezas. Desencantados, repetimos então para nós mesmos e para os outros: “não compensa lutar, afinal nada vai mudar; as coisas estão indo de mal a pior; não há mais nada a fazer”.
Quem se deixa levar pelo desencanto e pelo desânimo, quem foge ao ter que enfrentar problemas, quem é intolerante consigo mesmo e com os outros, porque gostaria de transformações radicais e imediatas, não entendeu nada da lógica do Reino de Deus.
Lembremo-nos: os verdadeiros profetas são os que transmitem entusiasmo, são os arautos da esperança que ajudam os irmãos a descobrir em qualquer situação, o caminho para a renovação, para a reconstrução da vida, que aos olhos dos homens pode parecer fadada à ruína.

2ª Leitura (1Tessalonicenses 3,12-4,2)
O motivo da escolha deste trecho como segunda leitura deste primeiro domingo do Advento consiste no fato de que nele se fala da “vinda do Senhor Jesus com todos os seus santos” (vers.13) e porque nos orienta também sobre o modo de nos prepararmos para esta vinda.
Paulo reconhece que os cristãos de Tessalônica são excelentes, mas pede ao Senhor para que os faça crescer ainda mais no amor recíproco (vers.12). É este – ensina – o caminho que conduz à santidade e a única maneira de se manter vigilante para a vinda do Senhor (vers.13)
Nas nossas comunidades também o relacionamento entre as pessoas talvez esteja num bom nível, mas é sempre possível aperfeiçoá-lo. Por que não poderão ser superadas algumas incompreensões e evitados alguns atritos que ainda persistem? A busca da harmonia com todos os membros da comunidade, a prática do amor recíproco que Paulo recomenda aos cristãos de Tessalônica não podem ser substituídas por nenhuma prática de devoção (ainda que recomendável) através da qual procuramos nos preparar para o Natal.