Igreja inicia celebração do Advento, tempo de “alegre esperança”
Este domingo, dia 28 de novembro, marca o início do Advento, tempo de espera e preparação para o Natal. Muito além dos preparativos para as festas e trocas de presentes, é um momento de profunda espiritualidade que pode contribuir para vivermos de maneira mais autêntica a chegada do Menino Deus.
O padre e teólogo jesuíta Washington Paranhos nos lembra que, quando ouvimos a notícia de que alguém muito querido está chegando, nosso coração se enche de alegria e começa a bater mais forte, ficamos ansiosos. “É o que vemos também na história da salvação: a humanidade há muito esperava a vinda do Messias. Os profetas o viram de longe e ficaram cheios de alegria. O anjo anunciou a Zacarias o nascimento de João que vinha para ‘preparar o caminho’. Assim diz o Anjo sobre João Batista: ‘com o seu nascimento muitos se alegrarão’ (Lc 1,14). O anjo também anuncia o nascimento de Jesus. O sentimento que domina é a alegre esperança, é o que o Evangelho anuncia, a liturgia celebra e a comunidade vive.”
O Advento, tempo de espera, é baseado na expectativa do Reino e a nossa atitude básica deve ser a de renovar em nós esse desejo e esse ânimo. Num tempo marcado pelo consumo, é preciso que afirmemos profeticamente a esperança. No âmbito pessoal, intensificando o desejo do coração e retomando o sentido da vida. No âmbito coletivo, renovando o sonho de justiça e paz para toda a humanidade.
Na liturgia, O Advento manifesta os dois aspectos da vinda do Senhor: nas duas primeiras semanas, o “Advento escatológico”, ou seja, sua vinda definitiva; e, nas duas últimas semanas, o “Advento Natalício”, sua primeira vinda, o Natal. “Abre as portas, deixa entrar o Rei da glória. É o tempo, ele vem orientar a nossa história.”
Novo ano litúrgico
O Advento marca também o início de um novo ano litúrgico na Igreja. Na verdade, o ano litúrgico cristão passa por três ciclos, também chamados de anos A, B e C. Cada ciclo tem a sua sequência própria de leituras do Antigo e do Novo Testamento na liturgia da Igreja, de modo que a distribuição dos textos bíblicos ao longo de três anos permita aos fiéis uma visão abrangente de toda a História da Salvação. Para isso, o rito romano organiza as leituras bíblicas da Celebração Eucarística de modo a se completarem a cada ciclo de três anos: no ano “A”, a leitura principal (Evangelho) segue o Evangelho de São Mateus; no ano “B”, o Evangelho de São Marcos; e no ano “C”, o Evangelho de São Lucas. O Evangelho de São João é reservado para ocasiões especiais, principalmente grandes festas e solenidades, com ênfase para a Semana Santa.
O ano litúrgico que se inicia neste domingo, dia 28, será um ano “C”. Como nos lembra o padre e teólogo jesuíta Johan Konings, “é o ano de Lucas, evangelista dos pobres e dos pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos, como também das mulheres, especialmente, de Nossa Senhora. Seu evangelho faz de Jesus não apenas o Messias, o Mestre, mas o Fiel, que nos serve de modelo em nossa caminhada, o homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna, mas também o profeta por excelência, o novo Elias, o porta-voz credenciado do Altíssimo. Assim, o ano C será o ano da práxis cristã segundo o modelo de Cristo.”