Nunca mais!
por Evandro Antonio Correia
«Com ardente preocupação»!
Recorda-se o alerta, ao parafrasear João Paulo II e Bento XVI, de que uma autêntica democracia somente é possível em um Estado de Direito e na reta concepção da Pessoa Humana. Após a queda das ideologias que prenderam a política a uma compreensão «totalitária» dos cidadãos, se perfila hoje, um risco não menos grave, da negação dos fundamentais Direitos Humanos.
A atual política pode tirar da convivência civil, todo e qualquer ponto seguro como referência moral, através da reabsorção da demanda religiosa (que habita no coração de cada pessoa). Esse risco da aliança entre a democracia e o relativismo ético pode despojar, radicalmente, o reconhecimento da verdade.
Sob a influência de fatores culturais e ideológicos perniciosos, a nossa sociedade se encontra em uma situação de perda e de confusão. Perdeu-se a evidência originária dos fundamentos do Ser Humano e do seu agir ético; já que a doutrina da lei moral se choca com concepções que são a sua direta negação. Tudo isso traz enormes e graves consequências na ordem civil e social. O positivismo jurídico exasperado pode, para uma parcela de cidadãos, tornar-se fonte última da lei civil, por exemplo, a insistência do retorno ao voto de papel… O problema que se põe não é a busca do bem, mas a do poder, esquivando-se de seu equilíbrio!
Na raiz dessa tendência está o relativismo ético que (antes fosse uma das condições principais da democracia), garantiria a tolerância e o respeito das pessoas. Mas se fosse assim, a maioria (essa parcela de cidadãos) não se tornaria a única (fonte) a escrever as leis como bem quisessem! A «ditadura da maioria» pode errar! Já nos diz a mestra História!
Quando estão em jogo as exigências dos Direitos da Dignidade da Pessoa Humana, da Instituição Familiar, da Equidade do Ordenamento Social, nenhuma lei feita pelos homens pode subverter a norma escrita por Deus no coração do Ser Humano. Assim, a verdadeira garantia é oferecida a cada um de nós para viver livres e respeitados na nossa dignidade, defendidos de qualquer manipulação ideológica, arbitrária e abusiva do mais forte.
Se por um trágico obscurecimento da consciência coletiva, o ceticismo e o relativismo ético chegassem a cancelar os princípios fundamentais da lei moral natural, o próprio ordenamento democrático seria ferido radicalmente nos seus fundamentos. Contra esse obscurecimento, que é da civilização humana, antes da cristã, torna-se um empenho de qualquer religião, de todos os Seres Humanos de Boa Vontade. E, só assim, pode-se criar as condições necessárias na cultura de uma sociedade civil e política, da plena consciência do valor inalienável das leis honestas!
Dinâmica parecida com aquela da propaganda do partido nacional-socialista, após a eleição de Adolf Hitler em 1933, não? Seu ministro, Joseph Goebbels, usou da repetição de «histórias mal… contadas» (de maneira sistemática), até tornarem-se «histórias contadas… mal».
E, «com ardente preocupação», rememorando Pio XI, como em 1937, vemos retornar o totalitarismo: uma apostasia orgulhosa de Jesus Cristo, a distorção da sua redenção, o culto da força, a idolatria da raça, a opressão da liberdade humana.
Até a próxima!