Creio na Vida Eterna IV
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por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat – Salto/SP

“Entre a morte pessoal, o juízo particular e a volta do Senhor na Parusía, para a ressurreição dos corpos e o juízo universal, a Igreja afirma que existe um tempo intermediário.
Durante este tempo intermediário, a alma, se for considerada preparada para a visão de Deus, é imediatamente admitida à sua presença; se, pelo contrário, ainda se encontra numa situação de imperfeição, não preparada para a visão de Deus, terá de passar um tempo de purificação, chamado Purgatório, a fim de ser preparada para a visão de Deus. Quem morrer em pecado mortal e que tiver recusado livre e voluntariamente o amor de Deus durante a sua vida terrena, se autocondenará ao inferno.
Frente a algumas controvérsias teológicas relativas à ressurreição dos mortos que suscitavam dúvidas nos fiéis (alguns teólogos defendem a ressurreição dos corpos no próprio momento da morte), a Congregação para a Doutrina da Fé interveio com um “Documento sobre Algumas questões sobre a Escatologia”, publicado com a provação do Santo Padre, o Papa João Paulo II, recordando o ensinamento que a Igreja propõe em nome de Cristo, especialmente sobre aquilo que acontece entre a morte do cristão e a ressurreição universal:
1) A Igreja crê numa ressurreição dos mortos.
2) A Igreja entende esta ressurreição referida ao homem todo; esta, para os eleitos, não é outra coisa senão a extensão aos homens da própria Ressurreição de Cristo.
3) A Igreja afirma a sobrevivência e a subsistência depois da morte de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade, de tal modo que o ‘eu humano’ subsista, embora privado, por um tempo do complemento do seu corpo. Para designar esse elemento, a Igreja emprega a palavra alma.

O Juízo particular
Ao mesmo tempo em que se dá esta separação, a alma se apresenta diante do Senhor para o juízo particular, pessoal. Todos seremos julgados com base nas nossas obras durante a vida terrena, com base na forma como tivemos respondido, acolhendo ou rejeitando o amor gratuito de Deus na nossa vida. Em relação ao Juízo particular, o Catecismo da Igreja Católica diz:
‘A morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo. O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda. Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão, assim como outros textos do Novo Testamento, falam dum destino final da alma, o qual pode ser diferente para umas e para outras’ (CC1021).
‘Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação, quer para se condenar imediatamente para sempre.’ (CC 1022).
Próxima semana vamos falar do Purgatório que, sendo um estado de purificação da alma em vista da plena comunhão com Deus e com todos os Santos, tem um caráter temporário, por assim dizer, e não dirá respeito ao estado final, quando da ressurreição dos mortos.

Continua…

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