Creio na Vida Eterna I
Compartilhe

por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat – Salto/SP

Chegamos ao último artigo do Símbolo Apostólico e último assunto proposto sobre o Catecismo da Igreja Católica. Para as próximas semanas gostaria de apresentar uma parte da catequese proferida em 2010 pelo Pe. Mário Pezzi, sacerdote e compõe a equipe de iniciadores do Caminho Neocatecumenal (realidade tão presente em nossa diocese).

“[…] Para nós, cristãos, a morte é o momento da passagem deste mundo para o Pai. É o momento em que a nossa vida física se apaga e nós entregamos o nosso espírito a Deus, unidos a Jesus Cristo que, na cruz, pronunciou com o coração: ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’.
Diz o Catecismo que a visão cristã da morte se expressa de modo incomparável na Liturgia da Igreja, ou seja, no prefácio de defuntos: ‘A vida dos que creem em vós, Senhor, não é tirada, mas transformada.’
A Comissão Teológica Internacional, num Documento de 1992, fala assim da visão cristã da morte:
‘Assim como, na antropologia cristã, o corpo não é um cárcere, do qual o encarcerado deseja fugir, nem uma veste que se possa despir facilmente, a morte considerada naturalmente, não é, para homem nenhum, uma coisa desejável nem como um acontecimento que o homem possa abraçar de ânimo tranquilo sem previamente ultrapassar a natural repugnância.
A fé e a esperança mostram-nos outra face da morte. Jesus assumiu o medo da morte à luz da vontade do Pai. Ele morreu para libertar aqueles que, pelo medo da morte, passaram toda a vida em estado de escravidão (cf Hb 2,15). Por conseguinte, já Paulo pôde sentir o desejo de partir para estar com Cristo; esta comunhão com Cristo depois da morte é considerada por Paulo, em comparação com o estado da vida presente, como algo que seria muitíssimo melhor.
Este desejo místico de comunhão com Cristo, depois da morte, que pode coexistir com o temor natural da morte, aparece várias vezes na tradição espiritual da Igreja, sobretudo nos santos, e deve ser entendido no seu verdadeiro sentido.
A morte é considerada então como porta que conduz à comunhão com Cristo, depois da morte, e não como libertadora da alma em relação a um corpo que lhe seria pesado.
Na tradição oriental, é frequente o pensamento da bondade da morte enquanto condição e via para a futura ressurreição gloriosa: Se, portanto, não é possível, sem a ressurreição, que a natureza alcance uma melhor condição e estado, e se a ressurreição não pode ter lugar sem que primeiro ocorra a morte: a morte é uma coisa boa, na medida em que é para nós início e caminho de mudança para melhor.
Também a dor e a doença, que são um início da morte, devem ser assumidas de maneira nova pelos cristãos. Por si só já são difíceis de suportar, mas ainda o são mais por serem sinais da progressiva dissolução do corpo. Ora, com a aceitação da dor e da doença, permitidas por Deus, tornamo-nos participantes da paixão de Cristo, e, oferecendo-as, unimo-nos ao ato pelo qual o Senhor oferece a sua vida ao Pai pela salvação do mundo.
Cada um de nós deve afirmar como Paulo já afirmara: ‘Completo na minha carne aquilo que falta à paixão de Cristo, em favor do seu corpo, que é a Igreja’(Cl1,14). Através da associação à paixão do Senhor somos conduzidos à posse da glória de Cristo ressuscitado: ‘levando sempre no nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste no nosso corpo’ (2Cor 4,10).
De modo semelhante, não nos é lícito entristecermo-nos pela morte dos amigos ‘como os outros que não tem esperança’ (1Ts4,13).”

Continua…

Deixe comentário